Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

15 de novembro de 2014

Filhos de um deus menor


Um livro só é livro e um escritor só é escritor quando editado numa editora considerada, sendo examinado por editor e revisor profissionais? Se eu disser que não, troçam de mim. E se for um escritor com provas dadas, finalista de um Prémio LeYa, como Pedro Guilherme-Moreira? «Recebo qualquer livro com entusiasmo», diz-nos ele no seu blogue, «mas desconfio sempre dos que têm ar de serem auto-editados, porque respeito tanto o ofício de editor e revisor profissional». Tal não impediu de se render ao livro "Memórias da memória", de Cesário Costa, já editado em 2002, por um escritor que ninguém conhece, por uma editora que ninguém conhece, sem direito a revisão profissional. Teve a humildade de partilhar tal publicamente e a coragem de contradizer Saramago. A homenagem que Pedro Guilherme-Moreira faz a este livro é tocante. Aconselho a pessoas que se consideram eleitas por um Deus maior e desprezam os «filhos de um deus menor»!

3 comentários:

Cláudia da Silva Tomazi disse...

São decisões completamente diferentes e claro motivações superiores para ambos: escritor e editor em sendo que o conhecimento e a técnica e a dimensão de complementos literários (sucede na bagagem independente) motivada na aventura de publicar e, simples assim.

Ora Cristina, não tenha a pretenção de perceber motivações de quem herda conselhos a genrosidade masculina, lá se vai a mundos e partidas diferentes no que tange integridade, valores e principalmente experiências.

Também, deveríamos separar o homem do mito e muito bem dito que Saramago atingiu metas por ambição a perfeição o quê difere de ser ambicioso.

Cristina Torrão disse...

O autor contradisse Saramago na questão de contarmos, ou não, a nossa vida. Devemos fazê-lo, ou não?

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Bem dito Cristina, autor. São experiências a parte, são necessidades de justificar ou não a memória e identidade é outra importante realidade a não perder de vista; em conhecer-se e reconhecer-se a sustentar o ideal de sempre.

O que acontece com possibilidades de culturas diferentes (de perceptível nível) é que envolve, tenciona e vislumbra (ou não), o blog do Moreira não engana mas, desconfia a "ignorância" e, é neste exemplo simbólico há uma defesa e quer saber por quê? Porque não havia necessidade do Moreira expor o nome de Pillar.