Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

6 de dezembro de 2014

Os Segredos de Jacinta - Excertos (3)



Pairava o receio sobre os frequentadores da igreja de São Pedro do Paraíso. Sabiam da existência de mouros, gente cruel, que renegava os ensinamentos de Cristo, mas havia muito que a Terra de Paiva se encontrava fora da sua ameaça, nem sequer se organizavam correrias e fossados, como nas povoações de fronteira. As terras dos mouros ficavam para lá de Coimbra, onde o infante tinha a sua corte, mas ninguém fazia ideia onde se situava. Só se sabia que era longe.
Durante a missa, em que celebrou a ressurreição do Senhor, o pároco Sindila falou na necessidade da guerra contra os infiéis e, no fim, pôs o altar à disposição de um dos cavaleiros, que deixou claro que D. Afonso Henriques havia mister de todos os homens do condado. Os mouros haviam, há cousa de dois anos, destruído um castelo que o infante mandara construir num sítio chamado Leiria, chacinando duzentos e quarenta soldados e cavaleiros. D. Afonso tencionava vingar-se, levando a cabo um fossado de proporções nunca vistas, penetrando bem fundo nas terras dos pagãos. O sacrifício seria recompensado, haveriam de volver ricos, cheios de despojos: ouros, sedas e brocados, além de escravos e animais.


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