- Tirámos o chiadouro a muita mourama –
acrescentou Bartolomeu. – Começámos por reconquistar Leiria. Depois,
atravessámos um grande rio chamado Tejo e um outro chamado Guadiana. Por onde
passávamos, atacávamos as povoações, devastávamos os campos, destruíamos as
colheitas e apoderávamo-nos das riquezas.
- Ninguém nos molestou – prosseguiu Ataulfo,
– as hostes mouras achavam-se ocupadas num cerco para os lados de Toledo. Mas,
quando já vínhamos de volta, os infiéis cortaram-nos o caminho.
- Ali estávamos nós, com aqueles despojos
todos, os cativos e os animais, naquela terra de ninguém, de uma secura tão
grande, que todos os arbustos se convertem em palha. Não há florestas, nem há
nada. Só o sol, que nos queima e deixa a terra seca e dura.
- Foi quando surgiu um grande arraial mouro –
intrometeu-se o Bartolomeu, alargando os braços – três vezes maior do que o
nosso e comandado por cinco reis! Começámos a encomendar as nossas almas. Mas
el-rei prometeu-nos a vitória.
- El-rei? - admirou-se Laurinda. - El-rei de Leão também lá estava?
- Qual Leão, qual carapuça – retorquiu
Ataulfo. – El-rei D. Afonso Henriques, por nós proclamado!
Sem comentários:
Enviar um comentário