Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

26 de dezembro de 2014

Os Segredos de Jacinta - Excertos (6)



- Tirámos o chiadouro a muita mourama – acrescentou Bartolomeu. – Começámos por reconquistar Leiria. Depois, atravessámos um grande rio chamado Tejo e um outro chamado Guadiana. Por onde passávamos, atacávamos as povoações, devastávamos os campos, destruíamos as colheitas e apoderávamo-nos das riquezas.
- Ninguém nos molestou – prosseguiu Ataulfo, – as hostes mouras achavam-se ocupadas num cerco para os lados de Toledo. Mas, quando já vínhamos de volta, os infiéis cortaram-nos o caminho.
- Ali estávamos nós, com aqueles despojos todos, os cativos e os animais, naquela terra de ninguém, de uma secura tão grande, que todos os arbustos se convertem em palha. Não há florestas, nem há nada. Só o sol, que nos queima e deixa a terra seca e dura.
- Foi quando surgiu um grande arraial mouro – intrometeu-se o Bartolomeu, alargando os braços – três vezes maior do que o nosso e comandado por cinco reis! Começámos a encomendar as nossas almas. Mas el-rei prometeu-nos a vitória.
- El-rei? - admirou-se Laurinda. - El-rei de Leão também lá estava?
- Qual Leão, qual carapuça – retorquiu Ataulfo. – El-rei D. Afonso Henriques, por nós proclamado!



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