Algo nela lutava contra a carapaça que a
envolvia e a deixava alheia ao mundo. Sentia-se como se tentasse acordar.
Estaria ainda deitada na sua cama, a sonhar?
Não. No sonho, tudo era escuro, como se fosse
noite. E agora o sol envolvia-a e dava-lhe a ver a natureza, que, por sua vez,
parecia observá-la. No sonho, vira-se a cair bem no meio do rio, de repente,
tudo acabado num ápice. Na realidade, teria de caminhar pelo próprio pé, um
passo atrás do outro, ao encontro da morte… As próprias águas haviam sido
negras… Baixou o olhar e não se recordava de as ter visto tão claras como
naquele dia, cintilando aos raios de sol. Os seus pés sobre a areia dourada, as
pedras, os peixes…. Tudo era tão límpido e puro…
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