Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

11 de abril de 2015

Educar não é controlar



Muitos pais confundem educar com controlar, subjugar e reprimir criatividade e iniciativa. As crianças costumam manifestar-se de forma bastante exuberante, o que faz impressão aos adultos, tão lestos a esquecerem o que é ser criança. O receio dos pais de falharem aos olhos dos outros sobrepõe-se à vontade e à felicidade dos filhos.
Mas se, numa primeira fase, se limitam ao controlo – sendo que a única coisa que ensinam aos rebentos é que são bonitos quando estão sossegados e caladinhos – de repente, achando que já são «senhorinhas» e «homenzinhos», soltam-nos, sem o mínimo de apoio. Atiram-nos para o meio da água, sem lhes terem ensinado a nadar. E ai deles que vão ao fundo!
E depois? Perguntarão alguns. Acabamos por nos desenrascar!
É verdade. Mas praticamos um nadar que raramente deixa de ser aflito, um nadar nervoso e inseguro, um esbracejar eterno e cansativo, num medo constante de afundar, de soçobrar ao mais inofensivo turbilhão, ou ao menor sinal de tempestade. Melhor seria que os progenitores não tivessem vergonha, ou medo, de amparar os rebentos, até estes atingirem um nadar o mais sereno e seguro possível, sem o martírio da ameaça constante, sem morrerem de angústia sempre que uma onda os ameaça engolir.
E se os próprios pais não forem grandes nadadores, perguntarão outros.
Na verdade, basta que se mantenham ao lado dos filhos, que lhes mostrem que enfrentam o turbilhão em conjunto. Muitos deles, porém, quedam-se pela margem. Alguns até viram costas.


3 comentários:

  1. Excelente reflexão, Cristina!
    «E se os próprios pais não forem grandes nadadores, perguntarão outros.»
    Acho que é nesta frase que se concentra toda a problemática da má educação. E quando digo má educação, não me refiro ao uso de palavrões, ou às ofensas a terceiros. Refiro-me a os educadores não possuir competências e experiências suficientes para educar.
    É difícil, sei-o bem, educar filhos. Mais ainda porque desde tenra idade e sem capacidade para distinguir aquilo que lhes pode causar prejuízo no futuro, absorvem como esponjas tudo o que os rodeia. E como evitarem os educadores essa absorção? Diziam os nossos avós, não ser inteligente remar contra a maré. Eles referiam-se a remar sempre no sentido contrário ao da corrente, querendo dizer-nos que se o fizessemos; ou não sairiamos do mesmo ponto, ou seríamos arrastados quando as forças nos faltassem. Mas, podemos remar em viés. E se o fizermos, percebemos que haveremos de chegar a algum ponto, do qual partiremos para outro, conseguindo assim vencer aquilo que à partida, parecia ter mais força que nós. É neste ponto que, penso eu, os educadores devem apostar. Saber e conseguir mostrar que aquilo que nos é desfavorável ou prejudicial, pode, se abordado de forma diferente, servir-nos.

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  2. Alguns anos fiz (demonstrei) a uma senhora que poderia romper o medo a água e ensinei-a nadar, aliás prática a água trata-se nem só de cumplicidade.

    Estar aberto(a) a exercer a humildade de aprender romper o medo em assumi-lo rompendo-o de quando a experiência necessária fortalece segurança e superação até a melhor idade.

    Educar desde sempre a mais valia humana, ora ser humano independe a idade no-lo a competência o aprendizado.

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  3. Ninguém é perfeito, não há, por isso, pais perfeitos. Eles podem também ser medrosos, indecisos e não saber nadar. Quer-me parecer, no entanto, que o mais importante é o acompanhamento, que os filhos sintam que podem contar com eles, seja em que situação for, principalmente, na infância e em algumas fases da juventude. Que nunca se sintam sozinhos. E mesmo que os pais não tenham soluções para determinados problemas, não olhem para o lado a assobiar, mas enfrentem a borrasca, do género: se calhar, até vamos ao fundo, mas vamos juntos!

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