Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

16 de junho de 2015

História da Vida Privada em Portugal - A Idade Média (16)


Os pedagogos dos finais da Idade Média começaram, também, a abordar o tema da instrução das meninas, sobretudo as oriundas da nobreza, dedicando-lhes passagens ou até partes dos seus tratados, embora sem as inovações introduzidas na matéria destinada aos rapazes. De uma forma geral, o seu discurso sobre as raparigas encontra-se bastante condicionado pelo facto de as conceberem na qualidade de grupo que não só partilhava com as mulheres a suposta condição de um sexo dotado de fraca racionalidade, como também correspondia a uma idade, a infantil, considerada naturalmente indisciplinada e moralmente débil.
Neste contexto, não se insistia muito na educação letrada das raparigas. Ressalvando o caso das que se destinavam à vida religiosa, desaconselhava-se mesmo a aprendizagem do alfabeto e da escrita, para que as raparigas não se sentissem estimuladas a dizer secretamente por escrito o que não ousariam afirmar oralmente. Contudo, alguns pedagogos não lhes recusavam o direito de aprender a ler e a escrever, porque, ao aplicarem-se assiduamente nessas honestas ocupações, afastavam os maus pensamentos e os consequentes pecados da carne e da vaidade.

A Criança, Ana Rodrigues Oliveira - pp. 267/268


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