A
menina segue pela mão frouxa da mãe. A menina gostava que ela a agarrasse melhor, para o caso de vir uma
lufada de vento, que a levasse da mãe. E ela não quer ser levada da mãe. Mas a
mãe caminha sem lhe prestar atenção, como se lhe fosse indiferente que a filha
ali esteja. Por isso, não se dá ao trabalho de lhe segurar melhor a mão.
A
menina não sente que a mãe a quer muito e que não a largaria por nada deste
mundo. De vez em quando, põe a outra sua mão sobre a mão da mãe e aperta, mostrando-lhe
que se quer sentir mais agarrada. A mãe reage impulsivamente e aperta mais os
dedos sobre a mão da menina. Mas é sol de pouca dura. Depressa os seus dedos readquirem
a frouxidão habitual.
A
menina repete aquele gesto várias vezes, pelo caminho, até que a mãe pergunta
porque faz ela isso. A menina diz que quer que ela a agarre melhor. A mãe
olha-a como se a achasse estranha, pateta. E não se apercebe de que o insólito consiste
em ela ter necessidade de fazer aquela pergunta.
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