Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

26 de junho de 2016

Bodas de Dom Dinis e Dona Isabel

Faz hoje 734 anos que Dom Dinis e Dona Isabel celebraram as suas bodas na vila de Trancoso, Beira Alta.

Sala dos Capelos, Universidade de Coimbra

Os dois estavam casados por procuração desde 11 de Fevereiro de 1281, mas só dezasseis meses mais tarde, em Trancoso, se conheceram. No meu romance, Dom Dinis sente algum receio em relação ao carácter da sua jovem esposa:

Isabel tornou a encará-lo com um esboço de sorriso. Dinis tomou-lhe uma das mãos e o franciscano Dom Telo, arcebispo de Braga, envolveu as dos soberanos com as suas, num gesto de bênção e aceitação. Portugal encontrava-se sob interdito, com as cerimónias religiosas e os sacramentos proibidos, e aquele gesto legitimava oficialmente a união em solo português dos nubentes já casados por procuração.
(…)
Ao outro dia, el-rei juntou-se com a sua comitiva à da rainha, a fim de visitarem os acampamentos espalhados pelo planalto. Dinis olhou estupefacto para as três carroças cheias de dádivas que Isabel mandara carregar. E, depois de o informarem que haviam sido embalados pães e bolas de carne inteiros, até capões assados, dirigiu-se à sua consorte:
- Pensei que as sobras chegassem. Nestas carroças, encontram-se alimentos que estavam previstos serem servidos hoje à nossa mesa!
- As minhas damas e eu prescindimos da nossa parte - replicou Isabel.
Depois de um momento de estupefação, Dinis inquiriu:
- E que comereis?
- Se sobra sempre tanto, é porque não faltam vitualhas. E um dia a pão e queijo não nos faria mal, pelo contrário. O sacrifício da carne aguça o espírito.
Dinis achou que ela ia longe demais:
- Não permitirei que…
- Não vos aflijais, nada tirei que estivesse destinado a vós! E as minhas damas estão acostumadas a este meu procedimento.
Isabel deu ordem para que a auxiliassem a montar a sua égua branca e Dinis montou o seu cavalo castanho de sobrolho franzido. A sua rainha parecia possuir mais uma qualidade: a de fazer imperar os seus desejos! Teria ele, um rei que se preocupava em exigir obediência, dificuldades em impô-la à sua própria consorte?

Dona Isabel tinha apenas doze anos, pelo que se depreende que Dom Dinis tenha esperado que ela se fizesse mulher para consumar o casamento (como aliás era hábito na época). A primeira filha, Constança, só nasceria oito anos mais tarde, a 3 de Janeiro de 1290; o segundo filho, futuro Afonso IV, a 8 de Fevereiro de 1291.

O facto de os dois filhos terem nascidos tão chegados prova, na minha opinião, que Dona Isabel seria fértil. Porém, o casal não tornou a ter filhos, durante quarenta e quatro anos de casamento. A vida conjugal de Dom Dinis e de Dona Isabel, a rainha que foi canonizada, suscita várias interrogações.

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O meu romance sobre Dom Dinis está à venda sob a forma de ebook na LeYa Online, na Wook e na Kobo.

Para adquirir a versão em papel, contacte-me através do email andancas@t-online.de.



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