Tom num passeio do grupo "sunshine4kids" |
Quando um/a filho/a morre, o sofrimento dos pais é enorme, quase insuportável. Mas porque se pensa que os irmãos sofrem menos? Um documentário da estação televisiva alemã ZDF chamou a atenção para este tema no passado dia 8 de Junho. Na verdade, os irmãos costumam ter de lutar para que o seu sofrimento seja reconhecido.
«Toda a gente tinha compreensão para o sofrimento dos meus pais, mas ninguém me perguntava como me sentia», disse Nadine, de dezoito anos. «Pelo contrário, eu tinha de continuar a minha vida, tinha de funcionar no liceu». O seu irmão mais velho morreu com um vírus, quando ela tinha dezasseis anos. «Os pais e os irmãos perderam a mesma pessoa. Porque se pensa que os irmãos sofrem menos? Eu não consigo conceber que o nosso sofrimento seja menor». Só passado várias semanas da morte do filho é que a mãe da Nadine percebeu o quanto a sua filha estava perturbada. E ao contrário do que acontece com os pais, que na Alemanha conseguem encontrar ajuda psicológica facilmente, foi difícil encontrar auxílio adequado para a Nadine, que estava à beira do suicídio.
A reportagem também acompanhou o caso de Tom, de dezasseis anos, cuja irmã mais velha morreu há um ano com um cancro. No início, os pais não encontravam lugar para mais nada, a não ser para o seu próprio sofrimento. Tom sentia-se na obrigação de os ajudar a superar, esquecendo-se de si. Até que não aguentou mais e lhes perguntou: «Porque não nos atiramos os três de um precipício, para que fiquemos os quatro outra vez juntos?» Foi aí que os pais perceberam que ele precisava de ajuda. Tom foi integrado num grupo de crianças e jovens na sua situação, chamado "sunshine4kids", encontrando finalmente compreensão para o seu estado, sem precisar de grandes explicações para provar que o seu sofrimento era enorme.
O documentário da ZDF foi um apelo para que jovens nestas circunstâncias possam encontrar ajuda psicológica mais facilmente. As duas jornalistas responsáveis pela série, intitulada "37 Grad" (37 graus) e que trata de temas problemáticos, estão habituadas a lidar com situações difíceis, que as fazem chorar. Mas, dizem elas, esta foi a primeira vez que viram lágrimas também nos olhos do cameraman e do técnico de som.
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