© Horst Neumann
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Esta pergunta não é minha, reporto-me a uma publicação da Alice Alfazema há quase um ano. Como a achei pertinente (aliás, o blogue da Alice está cheio destes casos, por isso é que gosto tanto de lá ir), guardei-a, a fim de falar sobre ela numa qualquer altura. Como tantas vezes acontece, porém, guardamos tanta coisa, que acabamos por perder muitas de vista. Felizmente, dei novamente com esta, ao consultar apontamentos antigos.
No meu comentário a essa publicação, dizia que se tratava de uma resposta difícil, pois o
assunto dava pano para mangas. A Alice, numa síntese brilhante, respondeu-me
que a entristecia o facto de, muitas vezes, a alegria partilhada ser uma
utopia.
Infelizmente, a alegria gera inveja. E esta é muito difícil de disfarçar,
pelo que, à primeira vista, diria que as pessoas são mais compreendidas na
tristeza. Porém, só aparentemente. A maior parte daqueles que dizem compreender
a tristeza de alguém, no fundo, alegram-se com ela, uma alegria baseada em muita falta de autoestima, pois a pessoa pensa que vale menos do que
as outras. Então, rejubila ao constatar que os outros também têm problemas tão
grandes ou maiores do que os dela.
Sim, as palmadinhas nas costas e o tentar animar são frequentemente
fingidos. De desconfiar são as tentativas exageradas de animação. Quem
realmente gosta de nós está mais interessado nos motivos da nossa tristeza, do
que em tentar animar-nos à força. E não nos devemos esquecer de que também tem
de haver espaço para a tristeza.
Como a inveja é mais difícil de disfarçar, é mais custoso fingir perante a
alegria de alguém. A alegria alheia atira com a alma de uma pessoa com baixa
autoestima para a sarjeta. Mas vejamos isto pelos dois lados: se verificarmos
essa sensação em nós próprios, é sinal de que nos julgamos inferiores aos
outros e que, em vez de nos enchermos de inveja, devemos procurar meios que nos
convençam do contrário, ou seja, estarmos atentos aos nossos talentos, porque todos nós os temos. Muitas vezes, estão tão apagados, que temos de fazer esforço para os descobrir.
Se, por outro lado, tivermos necessidade de testar se uma pessoa gosta de
nós, é contar-lhe um sucesso ou uma alegria nossa. A máscara cai imediatamente.
Os mais educados limitam-se à indiferença, a um «parabéns» dito de fugida e uma
mudança rápida de assunto. Quem não tiver
estômago para tanto, faz uma careta de grande contrariedade, que aliás só vê
quem quer. É incrível a quantidade de coisas a que nos tornamos cegos, a fim de
preservar as nossas ilusões!
Uma pessoa honesta, que gosta sinceramente de nós, tanto nos compreende na
alegria como na tristeza. Mas pessoas dessas são tesouros raros, mesmo na
própria família.
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