Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

4 de maio de 2011

Entendimento Europeu

Martin Pollack


O jornalista, tradutor e escritor austríaco Martin Pollack ganhou, na Feira do Livro de Leipzig, em Março passado, o Leipziger Buchpreis zur Europäische Verständigung, em inglês Leipzig Book Prize for European Understanding.

Martin Pollack vem de uma família nazi, o seu pai foi chefe da SS e da Gestapo, em Linz, responsável por inúmeras barbaridades, os seus avós eram nazis militantes. Como se vive com uma herança tão pesada? Como arcar com uma culpa que nos deixaram?

À semelhança de Sebastián Marroquín (embora num contexto totalmente diferente) Martin Pollack decidiu assumir as suas responsabilidades, com o objectivo de evitar a repetição dos erros do passado. Dedicou-se ao estudo da língua e da cultura polacas, assim como das línguas eslavas. Na sua carreira de tradutor e escritor, estabelece pontes com a Europa de Leste, tentando neutralizar ódios que ainda existem, uma missão que cumpre há trinta anos.

 

Martin Pollack escreveu, em 2004, um livro sobre o seu pai, o chefe nazi, expondo os crimes, pelos quais ele se envergonha. Numa entrevista, afirma que devemos olhar em frente, construir o futuro, mas, para isso, é importante superar o passado. Isso não significa, porém, pôr um tapete em cima de tudo o que aconteceu, fazendo de conta que não foi nada.

 

Nas suas próprias palavras (tradução minha): “Temos de pôr as cartas em cima da mesa, contar as histórias. Mesmo quando elas são extremamente dolorosas, ou nos fazem corar de vergonha. Na minha opinião, o entendimento só acontece, quando falamos e lidamos abertamente uns com os outros, olhando-nos nos olhos, ao mesmo nível.”

 

Assumindo responsabilidades, assumindo o passado. A história da nossa vida inicia-se antes do nosso nascimento. Todos nós temos uma herança, boa ou má. A diferença está no que cada um de nós faz com ela.

 

(Em estéreo)

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