Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

7 de maio de 2011

Ainda a propósito da 81ª Feira do Livro de Lisboa (com condomínios privados pelo meio e, mais uma vez, o "megalito" da Babel)

 Palavras de José Mário Silva, o Bibliotecário de Babel (clique, para ler o texto completo):

Se nas últimas edições a LeYa já tinha construído uma espécie de Feira dentro da Feira, os condomínios privados (chamemos-lhes assim) agora multiplicaram-se (...) e a Babel inventou aquele túnel escuro por fora e abafado por dentro (estreito, apertadinho, vagamente claustrofóbico) que mais parece uma metáfora do país.

Será que todos os pavilhões deviam ser iguais, como eram há dez anos? Não sei. Mas a Feira do Livro sempre se distinguiu por ser um espaço onde as assimetrias entre as grandes editoras e as pequenas se esbatiam. Todos tinham direito ao seu espaço, proporcional ao respectivo catálogo e volume de negócios. Hoje, há claramente uma burguesia da edição, a dos grandes grupos açambarcadores de espaço e arquitectonicamente exibicionistas, em contraste com o resto das editoras proletárias, reduzidas a uma uniformidade que a APEL impõe só a alguns. O certo é que há dois pesos e duas medidas, duas Feiras distintas, sobrepostas mas não coincidentes, o que cria uma estranheza a que eu, frequentador há mais de 30 anos, duvido que me venha a habituar.

3 comentários:

  1. Estive lá hoje e não gostei. Devia ter ido logo depois do almoço, mas não fui. Caí no erro de ir depois das quatro. Um montão de gente e então nos "condomínios privados" um pesadelo. Acabei por contornar a Leya e passar de fininho pelas outras. Não receberam euros meus. É pena porque até têm alguns dos livros que eu poderia comprar. Desde que a Leya surgiu com este modelo não voltei a comprar lá livros, não é nada prático. Pelo menos para mim.

    Os livros que comprei foram em bancas com muito menos gente à volta e onde tive tempo para pensar se valia a pena. Sem pressões nem empurrões.

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  2. Perdoem-me o trocadilho fácil, mas aquele tunel de Babel mais parece uma feira das vaidades! Não entrei.

    Na LeYa entrei. Mas, é certo, pretende ser uma feira dentro da feira. Por lá muita algazarra, muito mediatismo, muito autor da moda e muita fila para autógrafos. Entre tudo isso, bastante discreto, relegado para segundo plano, dois ou três livros daquele que na minha modesta e tendenciosa opinião é um dos melhores escritores de língua portuguesa na atualidade: Luís Fernando Veríssimo. Algo curioso: numa das mesas "A Mesa Voadora" a 4,90€ e noutra a 8,90€. Também lá estava o imperdível "Clube dos Anjos" a 8,90€!

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  3. A LeYa edita, sem dúvida, livros de qualidade. E tem os meios para atrair muito público. Além disso, como a vida está cada vez mais difícil para as pequenas editoras, dá-se o perigo de os escritores tentarem mudar para os grupos poderosos, o que as vai enfraquecer ainda mais.

    Enfim, os tempos são, de qualquer maneira, de crise. E é com esta situação que temos de viver. É um pouco o estilo "salve-se quem puder" (também para editores e escritores).

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