Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

25 de maio de 2011

O Principezinho



Deste livro, não me lembrava de mais nada, a não ser do famoso desenho da cobra que engolira o elefante. Devia ter uns dez anos e já nem sei se o li até ao fim. Foi-nos oferecido (a mim e ao meu irmão) por um conhecido da família. Mas, como sempre, os meus pais deram-lhe pouca importância, nunca se interessaram por livros infantis.

Lembro-me de ter dificuldades em entendê-lo e não haver ninguém que me pudesse ajudar. Perdi o interesse.

Há alguns meses, o blogue da Pó dos Livros, num post sobre dedicatórias, mencionou a de O Principezinho. Chamou-me a atenção, pois é raro encontrar adultos que levem a infância tão a sério, como era o caso de Antoine de Saint-Exupéry. Decidi lê-lo, embora na versão alemã, que o Horst tinha entre os seus livros. De resto, a portuguesa é igualmente uma tradução.



É um livro maravilhoso. Mas o final, tão cheio de tristeza e angústia, arrancou-me lágrimas. O que me leva a dizer que, apesar das ilustrações e da história simples de ler, não acho que seja um livro infantil. Ou, pelo menos, as crianças devem lê-lo acompanhadas e os pais devem estar preparados para lidar com o final, em que o principezinho não tem outra hipótese, senão deixar-se morrer (ou matar!). Mesmo que seja para ir tratar da sua flor, mesmo que seja para se transformar numa estrela, não é facilmente compreensível para uma criança. Para um jovem, talvez.

Decidi infomar-me na maior livraria de Stade, a Thalia, e disseram-me que, embora o livro seja lido por crianças, não é considerado livro infantil, sendo incluído na definição "livro de prenda" ou "de oferta", em alemão, Geschenkbuch. Não sei se há um equivalente em português, Geschenkbuch é um livro que, embora tendo ilustrações, não é propriamente infantil. Muitas vezes, são livros humorísticos, ou daqueles que têm citações e frases úteis, ou interessantes. Para oferecer em qualquer ocasião...

Eu, se tivesse filhos abaixo dos dez anos, hesitava em dar-lhes O Principezinho.

Uma curiosidade: fez-me lembrar O Paciente Inglês (o filme, pois não li o livro).

2 comentários:

jota disse...

Há meses li O Principezinho, gostei mas por alguma razão não me marcou muito, mal me lembro da história. Também acho curioso que tenha a "fama" de livro infantil.

Quanto ao Paciente Inglês li o livro há vários anos, acho que é mais completo que o filme (não tenho a certeza de o ter visto todo).

Talvez o deserto seja um forte ponto em comum entre os dois.

Cristina Torrão disse...

Sim, eu acho que foi essa insistência na paisagem do deserto, no fim de "O Principezinho". E também o facto de um piloto de avião ser lá obrigado a aterrar de emergência.