Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

22 de junho de 2011

O Comando é o Céu

Eh pá, gostei, pronto! Aqui fica:

Eu tenho esta ideia: quando se morre, dão-nos um comando, tipo o comando da televisão. A sério. Uma pessoa morre e tem logo direito a uma sessão de cinema, com o filme da sua vida. Levam-nos para uma pequena sala de cinema, dão-nos um comando e ali ficamos, a ver o filme da nossa vida. O comando avança ou recua, infância, adolescência, o resto todo. Eu sempre achei que todos nós vamos poder rever-nos, por inteiro, desta maneira: do nosso nascimento em diante. O filme de nós em criança, para começar, é uma ideia fascinante. Quem não gostava de ver a criança que foi? E redescobrir-se no Liceu? Eu queria rever o dia em que fui treinar ao Benfica, aos 10 anos. Queria ver-me a visitar a minha irmã recém-nascida, na Clínica de São Miguel. Queria ver como foi o primeiro instante em que vi pessoas que depois foram imprescindíveis na minha vida. Queria olhar para os primeiros dias da rádio ou para o momento em que atendi o telefone em casa dos meus pais e era do CMR a perguntar se eu queria lá ir para uma entrevista, tinham gostado do que escrevi no CV. Queria poder rever o meu cão Bell. Ver Oeiras como ela era, A Minha Escola em Paço de Arcos tal qual a recordo, a minha professora primária, a encantadora Professora Gabriela Roldão; queria ver aquele dia em que caí de bicicleta, a Órbita encarnada que depois o meu pai deu a um primo meu sem me dizer nada (dah); queria poder ver as imagens reais de todos os amores e desamores; olhar os momentos mais tristes à distância e pensar como depois tudo se compôs. E perguntar ao senhor dono do Cinema por todas as vezes em que senti que foi ele a segurar as pontas, nas alturas mais sensíveis da minha vida. E estou convencido que assim será. Quando morrer, levam-me ao Cinema, ver o meu filme, ou, melhor, o filme de mim.

3 comentários:

antonio ganhão disse...

Realmente um bom texto, também gostei.

António Lopes disse...

Gostei :-D
E tinhas uns bons aninhos para ver o filme até te perguntares o que irias fazer a seguir!

Encarnar?
:-D

Cristina Torrão disse...

Pois é. Depois do filme, não sei...