Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

17 de março de 2012

865 Anos da Conquista de Santarém (3)

O Bartolomé Bauzá é repetente, pois já ganhou um passatempo aqui no Andanças. E eu tornei a render-me à sua escrita, que, por acaso, é em castelhano (ou espanhol?), pois ele receia que o seu português não chegue para uma escrita correcta. Bartolomé compara o romance (ou novela, como ele diz) histórico com a História "fria", limitada às datas e aos factos, esquecendo a paixão, o sofrimento e o sangue. Lembra-nos que o cronista medieval também se servia da sua arte para fazer um relato mais excitante. Inventava? "Qué más da?" É a História-Ciência mais exacta do que aquela que nos faz sentir as emoções, ouvir os gritos, cheirar os aromas?
Felizmente, hoje em dia, os historiadores estão mais sensibilizados para questões desse tipo. É, de qualquer maneira, uma discussão interessante, que Bartolomé apresenta, à sua maneira original:


Santarém como excusa

El debate es antiguo.
El paradigma actual es presentar una historia basada en
hechos comprobables,
fechas,
cifras,
referencias cruzadas…

Pero no fue siempre así.

Antes, la Historia era narrada y oída:
Vivida…

…Os mouros não resistiram por muito mais tempo. Os guerreiros de Afonso tomaram conta de todos os edifícios e compartimentos da fortaleza, matando os homens e violando as mulheres por sobre o sangue que manchava os tapetes e as almofadas das luxuosas alcovas.

De alguna manera, el narrador colaboraba en la gesta histórica.
En última instancia,
su arte,
su don,
su elocuencia,
su saber decir
estaban al servicio de los protagonistas.
Y de su audiencia, claro.

Detalles magnificados,
inventados,
 ¿qué más da?:
si dan vida a hechos que los HISTORIADORES DE VERDAD han vuelto fríos.

Que la Historia no es sino pasión:
contada,
cantada,
oída…

La novela histórica no engaña.
O lo hace menos que la pretendida Historia,
que en base a unos pocos datos ciertos, contrastados, construye una historia que es
pequeña,
incompleta,
parcial
pero nos hace creer que es
grande,
completa,
enteriza…

Quando o Domingo, dia 15 de Março de 1147, amanheceu, já os gritos de sofrimento e agonia tinham cessado. E era o estandarte do rei português, com os seus escudetes azuis em forma de cruz, que a brisa sacudia no cimo da torre de menagem da alcáçova de Santarém…

Yo, ahora, estoy en la alcazaba de Santarém, en la torre del homenaje.
La batalla ha sido terrible.
El olor a sangre,
humo,
dolor,
envuelve mi alrededor.
Oigo distante el flamear al viento del estandarte
d’el Rey.

Ahora estoy cansado. Mañana, veré con nitidez la barbarie:
las violaciones,
los pillajes,
la matanza…

Los HISTORIADORES DE VERDAD dirán –escuetamente- que Santarém fue saqueada.

No basta, no basta…  

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1 comentário:

Olinda Melo disse...

Um texto que chama a atenção sobre os relatos dos momentos históricos: panegíricos como é do nosso conhecimento.

Gostei do estilo e do ritmo.


:)
Olinda