Que,
em Portugal, o compadrio é prática corrente, já eu sabia. Julgava, no entanto,
que se evitasse fazer a sua apologia. Por isso, muito me espantou a coluna “Booktailoring – Less is more (Novos
conselhos para chegar aos editores. Facilite desde logo)”, da autoria de
Paulo Ferreira, na edição de Junho da revista Ler.
“Continuando
com as sugestões de como um autor pode ver o seu livro publicado”, Paulo
Ferreira chama a atenção para a importância da primeira impressão, referindo a
escolha da fonte e dando sugestões para a elaboração do texto da sinopse. Até
aqui, tudo bem. Não fosse uma frasezinha, entre parênteses, à laia de nota:
“seria muito bom que a obra pudesse ser recomendada ao editor por alguém que
lhe seja próximo”!
Ora,
muito obrigada por esta preciosa informação! Claro que, tendo conhecimentos
desse género, qualquer autor os aciona. Mas… e quem não os tem? Sempre pensei
que colunas deste tipo, em revistas especializadas, eram escritas, precisamente,
para aqueles que não têm a quem recorrer, vendo-se obrigados a convencer os
editores baseados, apenas, no seu talento e, não, nos contactos de que dispõem.
Por
outras palavras: o talento não chega, as cunhas é que dão o jeitinho!
E será uma pena se não for o talento a determinar a edição e o sucesso de um livro e,consequentemente, do seu autor...
ResponderEliminarBj
Olinda
Bom quero acreditar que a "cunha" será a excepção e que mesmo assim essa mesma "cunha" será apenas uma condição para uma chamada de atenção. No que diz respeito ao sucesso do livro porém - e disso tenho a certeza - não há cunha que facilite. Estranhamente a venda ao público faz discernir o trigo do joio por mais que clamem com pretensas "qualidades" ... O problema mesmo é chegar aí. atenção que não estou a dizer que não existem maus livros com sucesso. Estou é a dizer que um bom livro se chegar a ser publicado terá fatalmente sucesso.
ResponderEliminarCaro Fernando, no geral, é isso que se passa. Mas há exceções, demasiadas, tantas, que quase deixam de ser exceções. Esse é que é o problema. Há inúmeros casos de livros que passaram despercebidos e que, anos depois, por qualquer acaso, são descobertos e se tornam êxitos (às vezes, o escritor já morreu, muito obrigado); há inúmeros casos de originais recusados por 10, 20 ou mais editoras e que, por um acaso, são publicados e têm êxito; há inúmeros casos de livros que pouco valem e que vendem como pãezinhos quentes, apenas porque o/a autor/a é conhecido/a da Rádio da TV, ou da imprensa escrita.
ResponderEliminarUm bom escritor que não tenha o mínimo contacto com o mundo editorial, que não tenha uma "cunha", não é levado a sério. Só consegue ser notado se insistir muito; se não desistir, às vezes, durante décadas. Muitos desanimam, quem sabe, quantos (quem não desanimaria ao fim de, digamos, 10 anos de recusas de editoras?).
João Ricardo Pedro é, para já, um caso de sucesso, mas trata-se de uma exceção, possibilitada por um concurso literário (já houve vencedores, antes dele, que não tiveram este êxito e, no entanto, deverão ter qualidade, se ganharam o concurso).
E se é a qualidade do livro que dita o seu êxito, como se compreende que livros acabados de sair, livros que ainda ninguém teve tempo para ler, se catapultam para os primeiros lugares das listas?
Cristina!, é a insustentável leveza de Portugal, e do ser humano em menor grau!
ResponderEliminarQuando era mais novo e mais ingénuo, porque ainda o quero ser um pouco todos os dias, fiquei marcado quando demonstrei a minha indignação perante um caso de visível corrupção pública.
Qual não foi o meu espanto quando verifiquei, que aquela minha indignação não teve contrapartida à altura.
Melhor dizendo: apenas omissão e mudança rápida de tema.
Nesse dia, fiquei marcado: eu, que tinha um telhado de vidro duplo por onde olhava as estrelas, percebi finalmente, que os telhados da minha cidade eram quase todos de vidro de espessura reduzida.
E as pedras que eram lançadas contra os telhados de vidro, não provinham dos senhores da terra, mas de um qualquer Deus zangado, ou de meteoritos em queda.
Muito oportuno, o seu comentário, caro Pedro. Apesar de nunca ter estado confrontada com uma situação de corrupção pública, conheço bem a sensação de impotência que descreve. Porque há coisas que, mesmo que contribuam para o bem público, ou para a reposição da verdade, não se dizem, nem se apontam. A verdade nem sempre interessa...
ResponderEliminarJá agora, diga-me: essa figura de rei, no seu perfil, é de quem? Tenho a coleção das biografias da Temas e Debates, desde D. Afonso Henriques a D. Pedro I e já estive a comparar as imagens, mas não corresponde a nenhum deles.
Cara Cristina
ResponderEliminarA imagem foi pedida emprestada a este sítio: http://camoes9a.no.sapo.pt/Reis%20da%201%20Dinastia.htm.
Obrigada.
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