Naquele
seu sono tranquilo, ela sonhava com um futuro risonho. Por isso, ao contrário
do que lhe era habitual, apercebeu-se tarde da balbúrdia. No início, pensou que
aqueles sons de cavalos e cães fizessem parte do seu sonho. De repente, porém,
acordou, com o coração aos pulos e a certeza de que a sua vida estava ameaçada.
Cães ladravam e cavalos resfolegavam, entremeados por vozes de homens, que se
apeavam das montadas.
Levantou-se
de um salto, no escuro do moinho, cobriu-se com um manto e saltou para trás do
engenho, agachando-se, num terror indizível.
Os homens aproximavam-se da porta. Talvez a
trave que servia de tranca os impedisse de entrar…
Mas logo se lhe gelou o sangue nas veias, quando eles começaram, à machadada, a
desfazer aquela que, até ali, representara uma barreira segura.
Ela
tremia e rezava.
Desfeita
a porta, três homens entraram no abrigo. Um deles segurava um archote e, depois
de olharem em volta, soltaram dois canzarrões, que não tiveram dificuldade em
dar com o esconderijo dela. Com o manto pela cabeça, ela protegia-se o melhor
que podia do ataque dos animais acirrados. Um fixou-se no seu antebraço, o
outro na canela. Ela mantinha-se encolhida e os tecidos do manto e da veste
protegiam-na, num primeiro momento. Não tardou, porém, a sentir as mandíbulas
na carne.
Pensava
que a deixavam morrer, desfeita pelos cães, quando dois dos homens vieram, enfim,
segurar os animais. O terceiro aproximou-se dela e, por mais que ela tentasse
resistir-lhe, ele conseguiu descobrir-lhe a cabeça. Agarrou-a pelos cabelos e
vociferou:
-
Desaparece daqui, rameira, que andas a ensombrar a vida da minha filha!
Ando muito curiosa para saber que livro vão dar estes excertos...
ResponderEliminar...conquanto o livro seja publicado...
ResponderEliminarObrigada pelo teu interesse :)
Olá Cristina!
ResponderEliminarEstás a ter dificuldades em editar o livro?
Como pode isso acontecer?
Estou à espera da resposta de duas editoras. Pode demorar uns mesitos...
ResponderEliminar