e deixa-te estar
Eduardo Sá, psicanalista e professor de psicologia, colabora regularmente na imprensa e na rádio. Vivendo no estrangeiro, eu não o conhecia, até ter lido uma entrevista que ele deu à Os Meus Livros. E, finalmente, arranjei ocasião para ler este livro.
Apesar de se tratar de uma não-ficção (coletânea de crónicas publicadas na Notícias Magazine), a escrita de Eduardo Sá é muito metafórica, pelo que exige uma certa habituação. Mas, depois de nos embrenharmos na sua simbologia, ele põe-nos a refletir, deixando-nos com ideias sobre o que podemos mudar na nossa vida. Mesmo não se concordando com tudo o que Eduardo Sá nos diz, ele ajuda-nos a conhecermo-nos melhor e a entendermos certas reações, nossas e dos outros, que costumamos apelidar de inexplicáveis, ou "impulsivas". Mas, e como já o tenho dito, nada fazemos por acaso.
Gostaria de transcrever aqui inúmeras passagens, mas, para não ser exaustiva, limito-me a uma "pequena" seleção:
O cor-de-rosa e o azul-bebé são cores traiçoeiras (...) A prova de que a
nossa infância não é toda a cor-de-rosa nem a azul-bebé é o trabalhão
que ela nos dá a consertar pela vida fora.
Ninguém nos ensina nada sem que aprenda connosco.
Educam-nos para a falsidade e para a hipocrisia, como se educar fosse domesticarmos o que sentimos cá dentro.
Se as famílias tradicionais fossem uma mãe e um pai sempre juntos, por dentro e por fora, então as famílias tradicionais... raramente existiriam. Primeiro, porque os pais juntos, por fora, não significava que estivessem juntos por dentro. Em segundo lugar, o pai e a mãe juntos nem sempre quis dizer que ambos dessem tempo aos filhos.
Educam-nos para a falsidade e para a hipocrisia, como se educar fosse domesticarmos o que sentimos cá dentro.
Só quem não aceita as imperfeições humanas (começando pelas suas) é que
não cresce. Só quem não reconhece a sua necessidade de crescer não
aceita o futuro.
A ilusão de que todos podem gostar de nós seduz (...) Mas empurra-nos para o desejo de sermos adorados, o que só sucede quando (...) nos sentimos mal-amados.
De facto, opiniões que nos poderão fazer reflectir, sem contudo poderem ser uma "religião".
ResponderEliminarO essencial, é encontrarmos forma de nos conhecermos íntimamente, identificarmoso os nossos objectivos, os nossos gostos, a nossa ética pessoal. Conhecendo-nos podemos partir com maior segurança e menos hesitações, para a realização dos desejos que por vezes nos desafiam e que adiamos constantemente.
Conhecermo-nos a nós próprios e aceitarmo-nos como somos - os grandes desafios, Bartolomeu.
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