No dia 20 de Junho, em Lisboa,
oito editores estiveram à conversa na Fundação José Saramago, numa mesa
moderada pela jornalista Sara Figueiredo Costa. Discutiram o tema «Edição:
passado, presente, que futuro?», não só no cenário português, já que também a
Itália e a Espanha estiveram representadas.
O Blogtailors fez uma pequena
reportagem do evento e fiquei a saber, por exemplo, que a indústria do livro
tem hoje uma faturação mais elevada do que a indústria automóvel e representa a
maior fatia das indústrias culturais (350 milhões de euros por ano). Um membro
do público lembrou mesmo que fatura mais do que a rádio e a televisão
portuguesas em conjunto.
Mas houve algo que me chamou particularmente
a atenção: Pilar Reyes, editora da Alfaguara em Espanha, acha que êxitos como As Cinquenta Sombras de Grey ou Harry Potter são fenómenos que não podem
ser repetidos.
Não podem? Admira-me que uma
editora experiente diga uma coisa destas, sobretudo, na era da publicação (e
auto publicação) digital. É claro que as editoras devem primar pela qualidade.
Por outro lado, os seus responsáveis não devem ser arrogantes ao ponto de se
considerarem seres superiores, com a missão divina de educar as massas. Podem esforçar-se
por mostrar ao grande público o que, na sua opinião, é literatura de qualidade.
Mas nunca conseguirão condicionar o mercado editorial de tal modo que lhes
permita evitar que determinados livros sejam publicados, ou se tornem sucessos
de vendas. Só recorrendo à censura!
Ninguém gostará que uma editora,
por mais competente que seja, lhe vá ditar aquilo que deve, ou não, ler. Pode
ser aberto às suas sugestões, mas tem o direito de as recusar. Há que preservar
(e saber lidar com) a liberdade de expressão, com todas as vantagens e
desvantagens que ela acarreta!
Que pena esta conferencia ter-me passado ao lado...
ResponderEliminarTambém gostaria muito de ter assistido, Vespinha.
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