Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
8 de julho de 2013
Naquele Tempo (19)
Ora as noções de que aqui falo estão tão arreigadas na consciência cultural de todos, que é preciso lembrar constantemente uma realidade que poderia ser óbvia há seiscentos anos, mas não o é hoje de modo algum. Aparentemente não há muita dificuldade em recordar que, se o país surgiu como Estado independente em 1128, teria de ser precedido de uma realidade política bem diferente. Foi precisamente pelo facto de os autores dos anos 30 e 40 [do século XX], que se ocuparam muito deste assunto, terem partido de uma noção de Estado independente análogo ao que hoje existe, que eles postularam a existência de formas por assim dizer proféticas da nacionalidade, que se teriam ocultado antes, porventura desde a pré-história, sob aparências diversas, e que eles procuraram descobrir, como quem desenterra um tesouro. A ideia de Pátria como realidade sagrada, e por isso mesmo eterna, exigia que a fundação da nacionalidade não fosse mais do que a resposta a um apelo da natureza injustamente reprimido durante séculos. Para quem aplicava ao passado os conceitos fundamentais da ideologia então dominante, não era fácil de conceber a formação de Portugal como um longo processo, que começava propriamente com a fundação do Estado e não antes dele.
Capítulo Autonomias fronteiriças e formação nacional, ps. 445/446
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