Muitas pessoas resumem mais ou menos assim a questão: nos últimos anos, provou-se que tudo tem origem no cérebro, também os sentimentos. Ora, é óbvio que os animais, cujo cérebro não se compara com o dos humanos, não têm sentimentos.
Pessoas destas pensam que já se descobriu tudo o que há para descobrir, pensam viver na era por excelência, o que revela uma ignorância profunda sobre a evolução do mundo e a História da Humanidade. E pessoas destas esquecem algo muito importante: é graças à ressonância magnética que se tem descoberto muito sobre o funcionamento do cérebro humano, mas nada sobre o funcionamento do cérebro dos animais. Por uma razão muito simples: não é possível examinar os animais com este método sem os anestesiar, o que anula a maior parte do funcionamento cerebral, nomeadamente, no que diz respeito às emoções! Um ser vivo anestesiado não responde a qualquer tipo de estímulos, neste estado, só se podem examinar as funções vitais.
É este problema que o psicólogo/psiquiatra Gregory Berns, neurocientista e professor da Emory University de Atlanta tenta resolver, no que aos cães diz respeito. Gregory Berns estuda, desde sempre, o funcionamento cerebral humano e já publicou vários livros. Mas, a partir do momento em que um cão entrou na sua família e o fascinou, ele não descansou enquanto não analisou a fundo a questão. Há cerca de dois anos que ele e a sua equipa tudo fazem para submeter cães a exames de ressonância magnética sem os anestesiar. Ele partiu do princípio de que, se é possível treinar cães para atuarem em zonas de catástrofes naturais, sob grande stress, também será possível treiná-los para este tipo de exame.
Ao fim de dois anos, Gregory Berns e a sua equipa conseguiram realmente examinar o funcionamento cerebral de alguns dos nossos amigos caninos durante trinta segundos. E os resultados são surpreendentes! Gregory Berns conseguiu estabelecer paralelos entre o funcionamento cerebral humano e o canino: as emoções positivas estimulam exatamente o mesmo local! Berns continuará as suas investigações, mas está já convencido de que os cães são capazes de sentir amor num espectro em tudo semelhante ao das crianças.
Gregory Berns publicou um livro sobre as descobertas já feitas:
Da página oficial do autor:
How Dogs Love Us answers the age-old question of dog-lovers everywhere and offers profound new evidence that dogs should be treated as we would treat our best human friends: with love, respect, and appreciation for their social and emotional intelligence.
Nada que nós, que já aprendemos a amar os cães, não soubéssemos ;-)
Mas livros destes não atingem grande celebridade. São duros demais para a consciência humana :-(
Não sei se aquilo que é duro, são livros como este, ou se são as consciências humanas. Felizmente que muitos humanos possuem a capacidade - mesmo não reconhecendo a presença de sentimentos nos animais - de os tratar com a dignidade que merecem e também de os amar, ou pelo menos, de gostar muito. Alguns humanos, adquirem essa consciência, após viverem situações que os obrigam a reconhecer que os animais domésticos nos dedicam sentimentos de amor.
ResponderEliminarAgora, vou contar uma história estúpida, como seria esperável, vinda de mim.
Passa-se durante a segunda guerra mundial, entre um soldado de infantaria e o seu fiel companheiro canino. Após uma emboscada que vitima todo o pelotão - salvando-se apenas o soldado e o cão, de seu nome Rex - veem-se ambos na situação de ter de se esconder numa floresta, durante vários dias. Durante esse tempo, sem nada para comer, o soldado começou a pensar sacrificar o seu fiel amigo. Quando a situação atingiu o ponto crítico (não me perguntes que ponto é esse, porque eu também não sei) o soldado chamou o seu obediente companheiro para junto de si e, muito relutantemente, chorando até, segurou o punhal e cerrando os olhos e os dentes com toda a força, desferiu-lhe o golpe fatal. Quando se achava a mitigar a fome à custa da vida do seu companheiro, o soldado, evocando as memórias dos momentos partilhados, ao terminar uma costela, pega no osso e de lágrimas nos olhos lamenta: Ai Rex, se ainda cá estivesses, irias adorar roer este belo osso.
Bahhh! Que porcaria de história Bartolomeuzinho do caráças. Não tinhas nada menos nojento para contar?!
É verdade que não precisamos necessariamente de reconhecer sentimentos nos animais para os tratarmos bem. Mas eu vejo tanta ignorância, tanta falta de respeito pelos outros seres que dividem o planeta connosco, que não perco uma oportunidade de tentar pôr, pelo menos, algumas pessoas a pensar. Principalmente pessoas que só acreditam em factos cientificamente comprovados. Às vezes, tenho uma certa pena dos membros das famílias dessas pessoas...
ResponderEliminarA história que contaste é interessante, Bartolomeu. Trata-se de uma situação extrema. Eu não sou capaz de matar uma galinha (embora coma galinha, não devia ser assim, sim, eu sei, atirem-me com a Sophia). Mas se me visse numa situação desesperante, a morrer de fome, e visse um coelhinho fofinho a passar por mim... pois é!
Nos anos setenta, houve um avião com jovens chilenos, uma equipa de jogadores de qualquer coisa, que se despenhou nos Andes. A maior parte sobreviveu, mas estavam perdidos, no meio da neve. Demorou, salvo erro, meses a serem encontrados. E como sobreviveram eles? Foram comendo os cadáveres dos amigos! Já vi um filme sobre esse caso verídico e não censuro gente que se veja em situação tão desesperante. Eu, com certeza, faria o mesmo...
Eu também Cristina... sobretudo se a equipe fosse mista.
ResponderEliminar(pronto! até me admirava se não tivesse saído asneira...)
Acho que só quem não consegue sentir é capaz de dizer que um cão (ou um gato) não sente. Claro que sentem e gostam de nós e sofrem por nós. Aliás "empatia" é coisa que os animais têm mais que muito ser humano.
ResponderEliminar:)
É verdade, Patrícia, diz muito bem: empatia! Os animais são mestres em empatia :)
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