É o mês da mudança.
Lânguido como o horizonte, que se toldava de cores e sons novos, embebedando-me com compotas e vindimas.
Setembro era o mês da roupa nova e das botas compradas em Viseu.
Da caça e das feiras francas, o mês para mudar de namorada.
E um dia, sem dar por isso, comecei a escrever.
Uma das poucas paixões que conservo e alimento.
Em Setembro saboreei a primeira praia e, pouco depois, a tropa raptou-me à adolescência.
Casei-me e divorciei-me.
De tudo, e sempre em Setembro.
Se me fosse dada a hipótese de escolha, acho que Setembro deve ser um bom mês para se morrer.
Jorge Fallorca
Não foi em Setembro, foi em Abril, há dias. O seu blogue, O Cheiro dos Livros, foi um dos primeiros que segui. Gostei deste texto e copiei, dei agora com ele na minha lista de rascunhos. Aqui fica, como homenagem.
Adoro os adágios campesinos.
ResponderEliminarO Fallorca que não me leve a mal, porque ao ler este texto, veio-me imediatamente à lembrança o «Borda D'Agua»; um Almanaque que já leva 85 anos de publicação pela Minerva,logo, tão infalível nas previsões, como o autor.
;))
Só fiquei a cismar, se a mudança de namorada se propicia em Setembro por mera coincidência, se devido à estreia de roupa e botas novas...
;)))
O Fallorca já não leva nada a mal, já partiu. Talvez eu não tenha sido muito explícita nesse aspeto. Mas não te preocupes! Tenho a certeza de que ele ia adorar este teu comentário ;)
ResponderEliminarNão fazia ideia. Lamento que já não esteja entre nós.
ResponderEliminarMas, se lá no assento etéreo onde subiu,
Memória desta vida lhe for consentida,
Que não entenda a minha graça, por desvario,
E mantenha a sua escrita bem nutrida.