Leonel viu-a
perdida, desorientada, de lágrimas nos olhos, no meio da multidão em delírio.
«O povo unido
jamais será vencido».
A aura de
solidão que a envolvia arrepiou-o. Uma redoma sombria parecia pairar sobre ela,
naquela hora em que se exultava a liberdade alcançada. Lena continuava presa
por amarras invisíveis, haviam-lhe tecido uma teia diabólica à volta que nem a
revolução parecia conseguir rasgar. Leonel recordar-se-ia daquela imagem pela
vida fora, a imagem de uma jovem que fora presa e torturada e cuja família nem
sequer lhe vinha dar um abraço!
Hoje não está um belo sol como no
ResponderEliminarAbril dos meus 9 anos acabadinhos de chegar, mas apetece-me ir para a rua caminhar com os meus filhos, comprar um cravo vermelho, mostrar-lhes como a vida é bem melhor apesar de tudo.
Bjs.
Céu
A vida vale sempre a pena :)
ResponderEliminarEspero que passem/tenham passado um bom dia!
Olha, Cristina; a tua 7ª Inspiração revolucionária, aborda uma situação infelizmente muito comum na época da ditadura: o ostracismo a que muitas famílias votavam os seus familiares que eram alvo das "atenções" da polícia política. A prisão por motivos políticos, para as mulheres, era vista no seio familiar e social como a gravidez sem casamento. Para os homens era um pouco diferente. No entanto, sempre que alguém era preso por suspeitas de pertencer a uma organização política anti-regime, ou até se fosse simplesmente levado para interrogatório, o próprio e a família eram imediatamente rejeitados pelo circulo de amigos, vizinhos e familiares, e sei muito bem do que estou a falar.
ResponderEliminarÉ mesmo isso, Bartolomeu! E ainda não vi esse assunto tratado (pelo menos, nas leituras que tenho feito). Mesmo no excelente livro da jornalista Joana Pereira Bastos, sobre os últimos presos do Estado Novo, se contam casos de presos com tradições familiares na luta contra a ditadura, ou seja, cresceram nesse ambiente e a família apoia-nos, mesmo depois de terem sido presos. Mas não houve casos de pessoas isoladas por causa disso? Ou de famílias isoladas, como dizes. Neste romance, que vou tentando escrever, a família desta moça distancia-se da situação porque teme precisamente o isolamento social. Tem vergonha da filha presa. Quanto casos não terá havido assim?
ResponderEliminarOutro tema que me interessaria, era o dos familiares dos agentes da PIDE, nomeadamente, os filhos, alguns ainda crianças. Que situação familiar se estabeleceu depois da revolução? O que tiveram de passar essas crianças e que consequências teve nas suas vidas? Presumo que os envolvidos não gostarão de falar nisso.
Ainda há muito a contar sobre o 25 de Abril e as suas consequências. Acho muito bem que se festeje a liberdade e se honre quem a proporcionou. Mas onde está o reverso da medalha?
Por acaso, gostei que no Telejornal do passado 25 de Abril dessem a palavra a um antigo inspetor da PIDE. Mas acho que falou pouco, haveria, com certeza, muito mais a dizer...
Dizia eu, na opinião ao livro da Joana Pereira Bastos:
ResponderEliminar«Não há anjos, nem santos, no nosso dia-a-dia. Os humanos são capazes das piores violências (físicas e psicológicas). E nós, portugueses, não somos exceção. A teoria dos brandos costumes só serve para menorizar e encapotar realidades macabras.
Muito está ainda por dizer, sobre este assunto. E sobre outros, que igualmente nos envergonhariam».
Aqui o link para a opinião completa:
http://andancasmedievais.blogspot.de/2013/10/os-ultimos-presos-do-estado-novo.html