Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

22 de abril de 2014

Inspirações Revolucionárias (6)



Aquela ideia da Lena se ter metido com um comunista dava-lhe voltas na cabeça. Entre tudo o que o marido lhe dissera, era aquilo que mais a atormentava. As freiras do lar até desconfiavam que ela tivesse fugido à noite, pela janela, para ir ter com o namorado. Manuela dizia a si própria que tal coisa a enojava, qualquer relação entre homem e mulher, fora do casamento, a enojava. Costumava referir-se ao assunto como «porcarias».
No seu íntimo, invejava a filha! A possibilidade de ela ter sido feliz com um homem mortificava-a. Lena não sabia ser feminina, nunca se soubera vestir, recusava vestidos vaporosos e sapatos de salto alto. Era uma desajeitada, nem sequer se sabia pintar e pentear. Era uma injustiça que a rapariga tivesse provado daquilo a que ela própria, tão graciosa e sensível, nunca tivera direito. 


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