Aquela ideia da
Lena se ter metido com um comunista dava-lhe voltas na cabeça. Entre tudo o que
o marido lhe dissera, era aquilo que mais a atormentava. As freiras do lar até
desconfiavam que ela tivesse fugido à noite, pela janela, para ir ter com o
namorado. Manuela dizia a si própria que tal coisa a enojava, qualquer relação
entre homem e mulher, fora do casamento, a enojava. Costumava referir-se ao
assunto como «porcarias».
No seu íntimo, invejava a filha! A possibilidade de ela ter sido feliz com um homem
mortificava-a. Lena não sabia ser feminina, nunca se soubera vestir, recusava
vestidos vaporosos e sapatos de salto alto. Era uma desajeitada, nem sequer se
sabia pintar e pentear. Era uma injustiça que a rapariga tivesse provado
daquilo a que ela própria, tão graciosa e sensível, nunca tivera direito.
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