Os gritos estancaram-se-lhe na garganta. O
mundo constava apenas de uma dor infinita. Uma dor que não era só física. Havia
uma outra, provocada por humilhação e culpa incomportáveis. O corpo parecia-lhe
cair num poço fundo, a uma velocidade vertiginosa, enquanto a mente flutuava à
superfície. Era como se ela se houvesse dividido em duas e o seu corpo já não
lhe pertencesse. Os olhos verde-água fixaram-se vítreos nas copas dos choupos
que a rodeavam. A essência do seu ser ascendeu ao cimo das árvores, que se
moviam com o vento. No chão, o Fuças,
de respiração ofegante, movia-se dentro de um corpo inanimado.
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