Embrenhou-se na serra, correndo sem parar,
com a trouxa na mão. Não fugia apenas do mosteiro. Fugia também do turbilhão de
sentimentos que devastava o seu peito com a força de um tufão. Fugia, como se o
virar das costas aos destroços negasse a sua existência. Mesmo quando já sentia
falta de ar e as pernas lhe doíam, continuou a galgar os caminhos íngremes da
serra.
Chegada ao moinho, deixou-se cair no chão, a
respirar às golfadas.
Não deu conta de se acalmar. A certa altura,
tomou consciência do frio, dos pés gelados, sem saber há quanto tempo ali
jazia. Rastejou até ao canto das mantas, onde se quedou tolhida, sem expressar
qualquer reação. Ignorava fome e sede, ignorava tudo o que significasse vida,
esse albergue de sensações e pensamentos que a aterrorizavam.
Sem comentários:
Enviar um comentário