Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

28 de junho de 2014

Excertos # 9



O povo ali aguardou que terminasse a missa, nem quando começou a chover arredou pé, pois não se queria perder a oportunidade de, mais uma vez, pousar os olhos na noiva d’el-rei.
À saída, porém, a cena repetiu-se, a donzela saboiana permaneceu abrigada no seu manto, até porque a chuva miudinha persistia. Havia agora ainda mais gente do que antes da cerimónia religiosa e o grupo de Jacinta foi empurrado para um local tão perto do cortejo nobre, que ela se viu obrigada a desviar-se para não ser atropelada pelo cavalo de um dos acompanhantes de D. Mafalda. Por um momento, almejou vislumbrar a face que o capucho escondia e sentiu como se aquele pedaço de pele pálida lhe houvesse revelado os sentimentos da sua dona. Não parecia ser muito mais feliz do que ela própria, limitada a criada de soldadeiras. D. Mafalda, noiva de um rei, a donzela mais nobre que alguma vez vira, não tinha, tal como ela, direito a escolher o próprio destino. Quem sabe de que sonhos e paixões ela se vira obrigada a desistir...




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