O povo ali aguardou que terminasse a missa,
nem quando começou a chover arredou pé, pois não se queria perder a
oportunidade de, mais uma vez, pousar os olhos na noiva d’el-rei.
À saída, porém, a cena repetiu-se, a donzela
saboiana permaneceu abrigada no seu manto, até porque a chuva miudinha
persistia. Havia agora ainda mais gente do que antes da cerimónia religiosa e o
grupo de Jacinta foi empurrado para um local tão perto do cortejo nobre, que
ela se viu obrigada a desviar-se para não ser atropelada pelo cavalo de um dos
acompanhantes de D. Mafalda. Por um momento, almejou vislumbrar a face que o
capucho escondia e sentiu como se aquele pedaço de pele pálida lhe houvesse
revelado os sentimentos da sua dona. Não parecia ser muito mais feliz do que
ela própria, limitada a criada de soldadeiras. D. Mafalda, noiva de um rei, a
donzela mais nobre que alguma vez vira, não tinha, tal como ela, direito a
escolher o próprio destino. Quem sabe de que sonhos e paixões ela se vira
obrigada a desistir...
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