Desfeita a porta, três homens entraram no
abrigo. Um deles segurava um archote e, depois de olharem em volta, soltaram
dois sabujos que não tiveram dificuldade em dar com o esconderijo dela. Com o
manto pela cabeça, Jacinta protegia-se o melhor que podia dos animais
acirrados. Um fixou-se no seu antebraço, o outro na canela. Sentiu-lhes as
dentuças na carne.
Julgou que a deixariam morrer, desfeita pelos
cães, quando dois dos homens vieram, enfim, segurar os animais. O terceiro
acercou-se dela e, por mais que Jacinta tentasse resistir-lhe, ele conseguiu
descobrir-lhe a cabeça. Agarrou-a pelos cabelos e vociferou:
- Some-te, rameira, que andas a ensombrar a
vida da minha filha!
Por entre as lágrimas de dor, raiva e
vergonha, Jacinta viu os olhos furiosos de D. Martim de Gração. Balbuciou:
- Irei… Mal o sol nasça… Juro-vos…
- Vais-te pôr a andar mas é já, zoupeira! Os
lobos que te comam!
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