Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

24 de junho de 2014

Excertos # 8



Desfeita a porta, três homens entraram no abrigo. Um deles segurava um archote e, depois de olharem em volta, soltaram dois sabujos que não tiveram dificuldade em dar com o esconderijo dela. Com o manto pela cabeça, Jacinta protegia-se o melhor que podia dos animais acirrados. Um fixou-se no seu antebraço, o outro na canela. Sentiu-lhes as dentuças na carne.

Julgou que a deixariam morrer, desfeita pelos cães, quando dois dos homens vieram, enfim, segurar os animais. O terceiro acercou-se dela e, por mais que Jacinta tentasse resistir-lhe, ele conseguiu descobrir-lhe a cabeça. Agarrou-a pelos cabelos e vociferou:

- Some-te, rameira, que andas a ensombrar a vida da minha filha!


Por entre as lágrimas de dor, raiva e vergonha, Jacinta viu os olhos furiosos de D. Martim de Gração. Balbuciou:
- Irei… Mal o sol nasça… Juro-vos…
- Vais-te pôr a andar mas é já, zoupeira! Os lobos que te comam!
 





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