- Há um ano, el-rei D. Afonso chegou a
temer pela cidade de Coimbra, quando os mouros ousaram um ataque ao castelo
templário de Soure. Os cavaleiros do Templo lograram afugentar os infiéis, mas
estes deixaram um rastro de destruição atrás de si: casas e campos incendiados,
colheitas destruídas e cadáveres espalhados. Dos cristãos sobreviventes
fizeram cativos.
Jacinta e a irmã Hildegarda quedavam-se
angustiadas, o cavaleiro prosseguiu:
- Numa tentativa de vingar o ataque e
libertar os cativos, os Templários iniciaram uma série de represálias que
redundaram em pesada derrota. Os combatentes foram quase todos mortos e um
pároco bondoso, D. Martinho de Soure, foi capturado.
- Valha-nos Deus!
- Ninguém mais soube do seu paradeiro e muita
gente pranteia o seu sumiço. Era incansável no seu auxílio aos pobres, até se
dizia que era santo. Há cousa de um mês, o alcaide de Leiria juntou-se a
cavaleiros de Coimbra, que se dirigiam para um fossado, na esperança de
conseguir libertar D. Martinho de Soure, caso ele ainda estivesse vivo. Pedro
Antunes e eu fomos incluídos no contingente. – Engoliu em seco. – Nada
conseguimos. Pedro foi atingido por uma flecha e trouxemo-lo para casa, mas
chegámos a pensar que não chegasse cá vivo. O físico de D. Soeiro Pais Mouro
diz que a operação é arriscada demais, que a flecha está muito próxima do
coração. E o homem arde em febre…
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