Jacinta sentiu então uma vontade indomável de
lhe mostrar que podia ser melhor do que Zaida. Trocou a pandeireta pelas
castanholas e, a fim de contrastar com os rodopios infernais da moura, começou
a bailar em movimentos lentos e voluptuosos, realçando o manejo de braços e
mãos.
O guarda tornou a incitá-la:
- Mostra-lhe, rapariga!
Zaida apoderou-se igualmente das castanholas.
Atirando com o xaile, começou com a sua dança de ventre, sabendo que a
companheira não era muito versada naquele estilo, enquanto as castanholas lhe
estalavam furiosas nas mãos.
Os homens ensandeciam.
Jacinta livrou-se igualmente do xaile e foi-se
insinuar junto do guarda que dissera ter apostado nela. Zaida fez o mesmo com o
outro. Por sobre o adarve, faziam-se mais apostas e puxava-se pelas
bailadeiras.
O mancebo admirador de Jacinta agarrou-a pela
cinta e tentou beijá-la, mas ela deu-lhe um empurrão, causando grande galhofa
na assistência. Afastou-se dele em rodopios vigorosos, que lhe levantavam as
saias e lhe faziam voar os cabelos. Zaida juntou-se-lhe. Lançando-se olhares hostis, as duas
competiam uma com a outra, em movimentos lascivos de ancas, ou, frente a
frente, quase se tocando, fazendo abanar as lantejoulas sobre o peito.
O delírio era total, alguém gritou do adarve:
- Deixai entrar essas bailadeiras!
Outras vozes se lhe juntaram, mostrando que
uma pequena multidão lá se reunira. Mas um dos guardas contrapôs, cá de baixo:
- Temos ordens para não deixar entrar
ninguém.
- O diabo do homem não se deixa amolecer!
- Quer a ruça só para ele!
- Homessa! São bailadeiras para fidalgos! Queremo-las
cá dentro!
Cristina estou com dúvida nesta questão cultural da "dança do ventre" até então, descreve (resgate histórico?).
ResponderEliminarCláudia, também não sei a origem da "dança do ventre", mas sei que é muito antiga, na Turquia, por exemplo.
ResponderEliminarNão sei se respondi à sua pergunta.
Ou a sua dúvida tem a ver com o nome?
Sim. Responde, inclusive agradeço vossa atenção Cristina com relação a importância de avaliar a diversidade cultural portuguesa.
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