Jacinta estava profundamente agradecida à
gémea, por ela a haver salvado, mesmo contra a vontade da família. Mas dava-se
agora conta que não seria legítimo que esse agradecimento condicionasse a sua
vida, que vivesse em função dele. Se alguém, por ter salvado outrem, o
considerasse propriedade sua e o mantivesse sob o seu favor, a fim de o
condicionar e controlar os seus desejos, passos e decisões, estava mais a
pensar em si próprio do que no outro. Estava a tentar ser feliz através do
outro, roubando-lhe a sua luminosidade, quiçá por ele próprio se sentir escuro
e vazio. E, se lhe tirava o direito de escolher o seu caminho, seria porque não o
amava.
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