Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

13 de março de 2015

Ajudas Preciosas


Hans-Jürgen Hufeisen, um flautista e compositor alemão, nascido em 1952, publicou a sua biografia em novembro passado.  Enfim, pensei, mais alguém que aproveita o facto de ser mais ou menos conhecido para ganhar um dinheirinho extra.

Deparei com um artigo num jornal sobre o livro e comecei a ler, a ver se era minimamente interessante. E, de facto, surpreendeu-me, logo no início: a mãe de Hans-Jürgen Hufeisen teve-o sozinha, num quarto de hotel, e abandonou-o com dois dias de vida.

O futuro flautista cresceu num lar de órfãos e, segunda surpresa: diz ter boas recordações desses tempos! Perguntei-me se seria uma maneira de ele idealizar a sua infância, como quase todos nós o fazemos, uns mais, outros menos. Ao continuar a ler, porém, constatei que havia verdade nestas suas palavras. A educadora que se ocupou do pequeno Hans-Jürgen era professora de música e ofereceu-lhe a primeira flauta, no seu sexto aniversário. O rapaz surpreendeu-a, parecia feito para enveradar por aquele caminho, a música passou a ser a sua atividade favorita, a que intensamente se dedicava. E, quando a professora notou que ele era já melhor do que ela, enviou-o para o Conservatório.

Aqui, fiz uma pausa na leitura, a fim de refletir sobre esta passagem. «Quando a professora notou que ele já era melhor do que ela»... Comovi-me com esta maravilha! Infelizmente, observo, muitas vezes, que os pais, ou educadores, invejam as capacidades e os talentos dos seus filhos, ou das crianças a seu cargo. Não raro, tentam abafar, bagatelizar, tais talentos, não vão os rebentos ultrapassá-los e passarem a ser o centro das atenções, passarem a ser aqueles que são elogiados e admirados, em vez deles! Podem perder-se verdadeiros talentos, deste modo. Pode, acima de tudo, ser a origem de uma tragédia pessoal.

Uma professora/educadora trata de uma criança, que nem vive em casa dela, vive numa instituição, uma criança que foi abandonada pela própria mãe. Um dia, essa professora nota nela um talento maior do que o dela e acha que tal não se deve perder, que deve ser estimulado. E essa professora envia a criança para o lugar certo, continuando a apoiá-la...

Hans-Jürgen Hufeisen é o bebé abandonado que conseguiu, em adulto, atingir a fama. É um homem de grande mérito. Mas não podemos esquecer que, não fosse a prova de amor incondicional dado pela sua educadora, ele provavelmente não o teria conseguido. É o melhor presente que se pode dar a alguém! E é smplesmente maravilhoso!


2 comentários:

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Vale recordar o nível "dificuldade" a carreira de Eliot Ness no balet russo (circunstância e apoio) da professora são talento e propósito a caminhar juntos.

Cristina Torrão disse...

Sem o apoio da família, ou de alguém que reconheça o nosso talento, é praticamente impossível atingir algo nesta vida, Cláudia.