Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
9 de março de 2016
Cantiga de Amigo de Dom Dinis (com excerto do romance)
Ao som dos alaúdes, Pêro Anes Coelho entoou os primeiros versos da cantiga de autoria de Dinis, em que informava a amada do seu amigo que este andava tão triste, que já quase não podia falar:
O voss’ amig’, amiga, vi andar
tam coitado que nunca lhi vi par,
que adur mi podia já falar,
Os outros dois trovadores juntaram-se-lhe no refrão, em que o apaixonado arranjava forças para suplicar que fossem rogar à amada que tivesse mercê dele:
pero quando me viu disse-m’ assi:
«Ai, senhor, id’ a mia senhor rogar
por Deus que haja mercee de mi.»
Era um poema em jeito de recado. A corte e os convidados seguiam encantados como Pêro Anes Coelho anunciava que o coitado perdera o juízo e o ânimo:
El andava trist’ e mui sem sabor,
como quem é tam coitado d’ amor
e perdudo o sem e a color,
E, de novo, se lhe juntaram os outros no refrão:
pero quando me viu disse-m’ assi:
«Ai, senhor, id’ a mia senhor rogar
por Deus que haja mercee de mi.»
Embora descrevesse um sofrimento, a cantiga possuía uma melodia leve e muito ritmo, na mudança entre o solista e o refrão.
El, amiga, achei eu andar tal
como morto, ca é descomunal
o mal que sofr’ e a coita mortal,
pero quando me viu disse-m’ assi:
«Ai, senhor, id’ a mia senhor rogar
por Deus que haja mercee de mi.»
Nota: Todas as Cantigas de Amigo transcritas no meu romance são originais de Dom Dinis, embora seja fictício o contexto em que são inseridas.
O romance pode ser adquirido na Leya Online e na Wook.
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