Eu também encontrara expressão análoga, relativa à cidade de Lisboa, e afirmei-o num comentário, ao qual o autor deu relevo (o que, mais uma vez, agradeço). Aliás, os leitores do meu romance sobre D. Dinis encontram referido, por várias vezes, o "Rego Merdeiro" lisboeta.
No seu livro Lisboa Medieval (Edições Colibri 2008), cujo texto corresponde à sua tese de doutoramento, Carlos Guardado da Silva, além de nos informar sobre as origens da cidade, desde Olisipo a Lušbūna (a Lisboa árabe) dá-nos um retrato completo de Lisboa, desde a sua conquista por D. Afonso Henriques, em 1147, até aos finais da Idade Média.
Assim nos surge o curso de água que atravessava a actual Praça do Comércio e ia desaguar no Tejo e que, no século XIII, se denominava "Rego Merdeiro", precisamente por servir de escoamento aos dejectos urbanos. À altura da conquista da cidade por D. Afonso Henriques, tratava-se de um largo esteiro (referido, entre outros, por Saramago, no seu História do Cerco de Lisboa). No século XIII, porém, Lisboa já crescera para fora da Cerca Moura e o esteiro passara a córrego mal-cheiroso. Tanto, que D. Dinis o mandou encanar. O "Rego Merdeiro" acabou por desaparecer debaixo de construções e, mais tarde, do Terreiro do Paço.
Nota: A série de textos de António Amaro das Neves sobre a água e os seus usos, surge a propósito da exposição "Água é Património", que pode ser visitada no Arquivo Municipal Alfredo Pimenta (Guimarães), de 18 de Abril a 21 de Outubro de 2011.
Os textos do blogue são baseados no livro Mãe-d'água: centenário do abastecimento público de Guimarães, António Amaro das Neves (coordenação e textos), Francisco Costa e António Bento Gonçalves (textos), Eduardo Brito (fotografias) ed. Vimágua/Sociedade Martins Sarmento, 2007.
P.S. Para quando um retrato extensivo de Lušbūna? Aqui fica o meu apelo aos licenciados em História!
Lisboa medieval, está cada vez mais próxima...
ResponderEliminarmuito interessante.
ResponderEliminarÉ capaz de se estar a aproximar uma nova Idade Média, sim...
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