Mais um lindo pedaço de prosa de J. Rentes de Carvalho
"Pouco a pouco foi descobrindo que a vida, a sua vida, é uma longa espera. Tempo infindo esperou os namoros que não teve, os amantes que a arrebatariam de paixão, os beijos que não deu nem recebeu. Esperou as horas loucas que tantos vivem, e depois longamente contam, indiferentes à melancolia de quem os ouve.
Uma manhã deu-se conta de que esperava menos. A falar verdade teve o sentimento de que deixara de esperar, e estranhou, sentiu-se vazia, desorientada, como se tivesse perdido um hábito ou lhe faltasse um arrimo.
(...)
Aos pais, à irmã, e a duas pessoas por quem tinha amizade, escreveu a mesma carta, falando da sua desilusão e da tristeza de não ter compreendido a vida. Tinha trinta e dois anos. Foi ontem o enterro."
Esperamos tanto pela vida. E ela, viaja sempre, cada vez mais veloz e sem esperar por nós.
ResponderEliminarUma Santa Páscoa!
um grande escritor.
ResponderEliminarA vida não espera, não, George.
ResponderEliminarBoa Páscoa também para si.
É verdade, Mário Rufino.