Portugal era e é muito pequeno. Mas havia de ter nascido mulher em 1943! Aí era mesmo uma redoma asfixiante. Na minha família, para além da redoma do salazarismo, havia aquela imposta pela Igreja Católica e pela minha mãe. Eu tinha umas dez redomas a asfixiar-me, não podia respirar. Só aguentei porque me fui embora. Os meus pais perceberam que eu ia explodir. Eu era menor, não podia sair sem autorização deles. Se não tivesse saído de Portugal, ter-me-ia suicidado em 1972.
Com os meus colegas masculinos, percebi que eles iam para a cama com as alunas, e digo: “Vocês não estão bons da cabeça!” Diziam uns aos outros: “Aquela vai à cama?! Se soubesse, tinha-lhe dado melhor nota.” Isto assim, à minha frente! Eu dizia: “Esperem ao menos que elas acabem a licenciatura.” Mas os meus colegas achavam normalíssimo ir para a cama com as alunas. Em Portugal há a promiscuidade do sexo e a promiscuidade do parentesco.
Ou seja... vários pontos de vista diferentes, mas com um "lugar comum"; a cama!
ResponderEliminarQuanto à promiscuidade do parentesco, estou capaz de lhe atribuir algumas virtudes... várias, pronto.
Quando nos reportamos aos anos de 40/50/60 e até 70, era norma os rapazes visitarem acompanhados de um tio, ou um amigo mais íntimo do pai, uma casa de prostituição, quando eram chegados à idade dos 14/15 anos. Ao mesmo tempo e porque as famílias tinham maior número de filhos, comparativamente ao que é normal nos nossos dias, hexistia consequentemente um maior número de primas. Eram elas e com elas que sucediam as primeiras experiências sexuais, reunindo-se assim dois prazeres, duas descobertas e duas satisfações, sem recurso ao constrangimento de uma ida às tais casas de prostituição.
Foi o que sucedeu comigo e com outros colegas de escola e de brincadeira. Um deles mais espertalhão, chegou até a ser "reinaugurado" por uma tia solteira, irmã mais nova da mãe...
Uma questão mais de instintos naturais, que propriamente de moralidades, penso...
Muito me contas, Bartolomeu. É sempre interessante ficar a saber de experiências que nos surpreendem. Não tenho conhecimento de práticas dessas na minha família, mas talvez não tenha "pesquisado" o suficiente (ou nos sítios certos). A minha educação foi mais como a Filomena Mónica descreve no primeiro parágrafo: abafada, por todo o género de redomas. Acontecia a muitas meninas. Sentíamo-nos como se tivéssemos os braços atados, mal nos podíamos mexer. Muitas vezes me senti dentro de uma gaiola.
ResponderEliminarFelizmente, comecei a dar cabo dessas prisões pelos 16 anos. Valeu-me ser boa aluna, os meus pais deixavam-me em paz, desde que eu trouxesse boas notas para casa. Eles nem imaginam como eu abusei dessa situação... ;)