Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

22 de maio de 2012

A solidão (ou não) de quem escreve

A escrita tem essa extraordinária vantagem de, mesmo sendo um acto solitário, nos afastar da solidão. Claro que ler também tem esta particularidade, mas escrever ainda é mais intenso. As personagens não nos são apresentadas, somos nós que temos o poder de as criar.

(excerto da entrevista a Isabel Zambujal, conduzida por João Morales e publicada na OML nº 107)

5 comentários:

  1. Muito bom!
    Eu, mais tarde ou mais cedo, vou-me lançar na escrita sem qualquer tipo de pretensões. No entanto, sei que isso vai suceder, porque tenho para mim o que Zambujal refere, o poder de criar todo o trama, personagens e "brincar" com as épocas e os contextos.
    Acho que a beleza de escrever está aí, penso!

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  2. É bem verdade! Quantas horas de boa companhias passo com as minhas personagens e as suas aventuras. O poder de criá-las - mais ainda, o de sustentà-las - é em si próprio companhia. Anda comigo até quando não estou a escrever, a soprar-me palavras, a tentar-me...

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  3. Iceman, eu também penso que a beleza da escrita está aí. E uma pessoa pode envolver-se tanto, que as personagens nos acompanham, mesmo quando não estamos a escrever, como diz a Carla. Pode é não ser muito bom para as pessoas de carne e osso que nos rodeiam. Às vezes, é difícil deixar esse mundo que estamos a criar, para nos concentrarmos no mundo real e dar a atenção devida aos que nos rodeiam. Mas, normalmente, essa situação resume-se a alguns momentos.

    O primeiro livro que escrevi foi o de Afonso Henriques, embora não fosse o primeiro a ser editado. Andei uns dois anos a pesquisar e, como ainda não tinha prática, também me levou muito tempo a escrever. Quando cheguei ao fim e tive de o "matar", fiquei muito melancólica. Dei-me conta de que D. Afonso Henriques já me acompanhava há cerca de três anos. E foi difícil vê-lo partir.

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  4. Olá Cristina!

    Referes algo que me tem impedido de me lançar: Pesquisa.

    Eu, quando leio um romance histórico, sou muito "picuinhas" com os factos históricos, não "perdoando" erros factuais, alguns então de bradar aos céus. Por vezes a história é muito boa, mas basta me aperceber de erros, para o livro ficar logo desvalorizado e, geralmente, refiro isso nas opiniões.

    Assim, é o trabalho da pesquisa que me impede, pois para escrever terá de ser de uma forma limpa, segura e precisa nos factos.

    Mas, por outro lado, é extraordinário quando, na pesquisa, nos deparamos com um universo que desconheciamos e, por vezes, damos conta que aquilo que sabiamos não é bem aquilo que foi.

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  5. A pesquisa é interessante, mas também pode ser muito exaustiva e chata. É conforme. Há aspetos que são empolgantes, outros, pelo contrário.
    Pode ficar cara, quer-se sempre consultar mais um livro, mais uma fonte. Mas talvez já tenhas muitos dos livros necessários. E é claro que também podes ir à Biblioteca Nacional, aí, em Lisboa.
    Acho bem que se seja picuinhas, um bom romance histórico deve ser o mais exato possível. Pode sempre haver deslizes, mas há erros que caiem muito mal.

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