É um bom filme. Mas fiquei um pouco desiludida, porque julgava que era melhor. Não só por a realizadora ser Sofia Coppola, mas também porque as críticas que tinha lido lhe eram muito favoráveis.
O enredo anda à volta da família americana Lisbon (terá o nome a ver com a religiosidade exacerbada?). Profundamente católicos, os pais (principalmente, a mãe) condenam as suas cinco filhas a um isolamento total. Depois do suicídio da mais nova, com apenas treze anos, resolvem abrir-se ao mundo, a conselho de um psiquiatra. No entanto, como todas as tentativas "contra-natura" de mudar um estilo de vida, também esta se revela desajeitada e artificial, ou seja, é pior a emenda do que o soneto: as restante quatro filhas acabam por se suicidarem todas no mesmo dia, embora cada uma use o seu próprio método.
O filme não mostra apenas a desagregação da família Lisbon, mas também a vida deprimente e artificial de um subúrbio de classe média nos anos 1970. E aí é que está, na minha opinião, o problema deste filme, patente num pequeno promenor, logo no início. Depois da primeira tentativa de suicídio da mais nova, começa o falatório dos vizinhos, especulando sobre as razões da ocorrência. Mas eles são caracterizados com tal ironia, que eu não levei a sério o rumor de que seria o isolamento da jovem a causa do seu desespero. Esta ideia perseguiu-me durante todo o filme, passei o tempo à procura de um outro motivo, o verdadeiro. Uma busca inglória, pois os vizinhos hipócritas e ignorantes tinham razão! Acho, por isso, que a realizadora não soube gerir esse pequeno promenor, que, como digo, influenciou toda a minha visão do filme.
Aliás, é tudo muito subtil, à semelhança do que faz o pai, Francis Ford Coppola, faltando, no entanto, o seu "toque de Midas". Só com muito esforço nos apercebemos de que a subjugação das filhas resulta do medo extremo da mãe de as perder, enquanto o pai navega pela vida, sem opinião nem iniciativa, como que ausente, sujeitando-se à regência da mulher. Trata-se de uma constelação catastrófica. E, como sempre, o medo exagerado acaba por gerar a situação temida: a mãe perde todas as suas filhas, para sempre. Já agora, uma palavra para a atuação de Kathleen Turner, que desempenha o seu papel numa perfeição que chega a ser assustadora. Outra coisa não seria, aliás, de esperar, de tão excelente atriz.
Este filme foi baseado num romance de Jeffrey Eugenides, que não li, mas ponho a hipótese de ele conseguir transmitir melhor a mensagem do que Sofia Coppola. O filme não deixa de ser bom, mas, quando as expetativas são grandes...