No documentário transmitido pela ZDF, a 1 de Abril, e no qual me baseio
para escrever sobre este tema, foi apresentada Jacqueline Straub, uma jovem alemã,
estudante de Teologia, que está convencida de que a Igreja Católica precisa de
mulheres. O sonho da sua vida é ordenar-se padre.
Ou deveria eu dizer madre? Ou sacerdotisa, a forma feminina de sacerdote? Ou diácona, apontada como erro ortográfico? Por aqui se vê ao ponto a
que a Igreja Católica nos levou: nem sequer existem formas femininas para
certas palavras, na nossa língua! Se querem saber a minha opinião, isto roça o
escandaloso.
Na perseguição desse seu
objetivo, Jacqueline Straub ocupa-se com uma interessante investigação: o que
perdeu a Igreja Católica, por ter vindo a ignorar as mulheres, nestes seus 2000
anos de existência? A sua grande inspiração é Santa Maria Madalena, uma mulher
aceite por Jesus Cristo como apóstola
e rebaixada, injustamente, a meretriz e pecadora, pela Igreja.
O processo foi iniciado
pelo papa Gregório I, numa pregação (pelo ano 600) em que juntou três mulheres
numa só! Segundo ele, Maria de Betânia, que lavou os pés de Jesus com óleo
perfumado (João 12:3), seria a mulher pecadora do Evangelho de São Lucas e as
duas seriam, por sua vez, identificadas com Maria de Magdala. A tradição
medieval seguiu esta versão, fazendo, desta mulher, uma espécie de figura de
propaganda da Igreja. Nas palavras da teóloga austríaca Andrea Taschel-Erber,
que tem dedicado a sua vida a investigar Santa Maria Madalena, esta tornou-se num
repositório de fantasias e medos medievais, numa femme fatale da Cristandade, uma meretriz que se fez santa, a fim
de redimir o comportamento de Eva, que trouxe o pecado e a morte ao mundo.
Andrea Taschel-Erber diz-nos que nada disto tem a ver com a verdadeira história
de Maria de Magdala (tornarei a este assunto num outro post).
Muita gente aconselha a
jovem Jacqueline Straub a tornar-se Protestante, nomeadamente, Luterana, ainda
para mais, sendo ela natural de (e vivendo em) um país em que metade da
população é Luterana. Continuaria cristã e realizaria o seu sonho de se tornar sacerdotisa (pastora protestante). Mas
Jacqueline diz, claramente: «Não! Eu sou católica!» E acrescenta que a Igreja
tem de se modificar por dentro, o movimento tem de surgir de dentro e, não, de
fora.
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