As
imagens da guerra do Ultramar eram-lhes familiares. Assim como as mensagens de
Natal, a que a mãe da Vera assistia, de lágrima no olho, exprimindo o medo por
o filho pequeno, um dia, ter de ir também combater os terroristas. Os
terroristas eram os pretos, claro. E havia a história de uma amiga da avó da
Vera que tinha perdido o filho nessa guerra. Visitaram-na uma vez, tinha lá a
fotografia do jovem, num passe-partout,
em cima de uma cómoda. Um militar, como os que a miúda via na televisão. A mãe
disse-lhe:
- Olha,
que bonito que era! Já viste?
Como se
o facto de ele ser bonito aumentasse a indignação por ele ter morrido lá longe,
na flor da idade, como tantos outros, bonitos e feios, gordos e magros, altos e
baixos.
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