Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

9 de maio de 2013

Divagações Abrilinas (6)



As imagens da guerra do Ultramar eram-lhes familiares. Assim como as mensagens de Natal, a que a mãe da Vera assistia, de lágrima no olho, exprimindo o medo por o filho pequeno, um dia, ter de ir também combater os terroristas. Os terroristas eram os pretos, claro. E havia a história de uma amiga da avó da Vera que tinha perdido o filho nessa guerra. Visitaram-na uma vez, tinha lá a fotografia do jovem, num passe-partout, em cima de uma cómoda. Um militar, como os que a miúda via na televisão. A mãe disse-lhe:
- Olha, que bonito que era! Já viste?
Como se o facto de ele ser bonito aumentasse a indignação por ele ter morrido lá longe, na flor da idade, como tantos outros, bonitos e feios, gordos e magros, altos e baixos.





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