Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

4 de maio de 2013

Pré-Publicação #18



Havia magoado a irmã para além do razoável, uma irmã que tudo lhe tinha perdoado, que dela tratara, que a ajudara…
Mas, então, porque sentia agora aquela sensação de liberdade, como se tivesse cortado amarras antigas? Sempre receara que a lembrança da irmã lhe trouxesse sofrimento. Em vez disso, estava em paz consigo própria, uma luz parecia iluminá-la por dentro, acreditando que Deus se encontrava, não fora, mas dentro de cada um.
Acabara de cumprir o seu destino de soldadeira e sentia-se como se estivesse a rezar! Queria isso dizer que possuía realmente uma natureza pecadora, má e desprezível, que era uma ingrata?
(…)
Estava profundamente agradecida à irmã, por ela a ter salvo contra a vontade da família. Apenas não achava legítimo que esse agradecimento condicionasse a sua vida, que vivesse em função dele. Se alguém, por ter salvo outrem, o considerasse propriedade sua e o mantivesse sob o seu favor, a fim de o condicionar e controlar os seus desejos, passos e decisões, esse alguém estava mais a pensar em si próprio do que no outro. Estava a tentar ser feliz através do outro, roubando-lhe a sua luminosidade, talvez por ele próprio se sentir escuro e vazio. E, se lhe tirava o direito de escolher o seu próprio caminho, é porque não o amava.


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