Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

14 de maio de 2013

Cristo e as Mulheres Desaparecidas (3)



As traduções tradicionais da Bíblia dão-nos a entender que Cristo falava só com homens. Estudos recentes provam que não é verdade. Havia muitas mulheres entre os seus seguidores, algumas talvez até fossem consideradas apóstolas, sendo Maria de Magdala a primeira, entre elas.

Todos nós conhecemos o episódio em que Jesus Cristo impede o apedrejamento de uma adúltera, proferindo a famosa frase: «Aquele de entre vós que nunca pecou, atire-lhe a primeira pedra» (João 8:7). Seguindo a tradição medieval, este episódio é apenas visto como sinal da extrema bondade e misericórdia de Cristo. E rouba-se-lhe o seu verdadeiro significado.

Na verdade, este gesto constituiu uma autêntica revolução! Os doutores da lei e os fariseus presentes lembram a Jesus que «Moisés, na lei, mandou-nos apedrejar tais mulheres até à morte» (João 8:5). Cristo atreve-se a contrariar essa lei, numa sociedade profundamente patriarcal! Não fosse encarado como o Messias e teria sido igualmente condenado (como o foi, mais tarde, mas não neste momento, em que todos lhe obedeceram e deixaram a mulher em paz).

Os Evangelhos não relatam factos históricos em si e, sim, simbologias, pelo que este é um bom exemplo de como Jesus encarava as mulheres. Considerava-as, igualmente, parceiras de diálogo. O seu mais longo diálogo (registado na Bíblia) é tido com uma mulher, a samaritana, junto ao poço de Jacob (João 4:7,26). É, por isso, legítimo concluir que Cristo considerava todos os humanos iguais, homens e mulheres.

São João Evangelista identifica como Maria de Betânia a mulher que lava os pés de Jesus com óleo perfumado (João 12:3). No Evangelho de São Marcos, porém, ela não tem nome (Marcos 14:3). Além disso, não perfuma os pés do Messias, mas deita o óleo sobre a sua cabeça. É censurada pelo desperdício, mas Cristo defende-a: «garanto-vos que em qualquer parte do mundo, onde for pregada a boa nova, será contado o que esta mulher acaba de fazer e assim ela será recordada» (Marcos 14:9).

Sim, o seu gesto é lembrado. Mas é pena que não saibamos, exatamente, de quem se tratava.

Nota: todos os posts desta série são baseados num documentário da ZDF.

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