Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

13 de junho de 2013

Divagações Abrilinas (11)



As crianças do 25 de Abril foram expostas à pornografia antes de saberem como se faziam bebés.
Hoje em dia, é difícil imaginar encontrar revistas pornográficas à vista por tudo o que é quiosque, livraria e supermercado. Em todas as ruas, em todas as esquinas, em todas as bancas de vendedores ambulantes, em todas as feiras, se deparava com meninas ostentando mamas, rabiotes ou vaginas (estas, diga-se de passagem, costumavam estar cobertas por uma boa camada de pelos púbicos). Lá se escarrapachavam elas nas montras e nos escaparates, logo à entrada, até em estabelecimentos onde os pais iam com os filhos comprar os manuais escolares, ou com filhos ainda mais pequenos, comprar um inocente chupa-chupa, ou gelado.
Os filmes pornográficos proliferavam em muitos cinemas, assinalados por conterem "cenas eventualmente chocantes". Naquela época, ver filmes pornográficos era sinal de vanguardismo, de que se acompanhavam os novos tempos. Os adultos, à semelhança de adolescentes em situação de enfarte de hormonas, vangloriavam-se de já ter visto o Garganta Funda, o Emanuelle, ou outros, cujos títulos foram esquecidos. Portugal vivia, enfim, a revolução sexual, arrastada pela dos cravos.
Mas não se sabia distinguir a pornografia barata de filmes que eram, apenas, ousados, como O Último Tango em Paris. Esta famosa película, realizada por Bernardo Bertolucci e com a participação de Marlon Brando, tornou-se num dos símbolos da liberdade de Abril. Provocava filas enormes à porta dos cinemas e a Vera perdeu a conta às vezes que ouviu mencionar esse título, todos os dias, a todas as horas. Quando menos se esperava, lá vinha O Último Tango em Paris! Os adultos andavam completamente obcecados.





3 comentários:

fallorca disse...

Dizia-se, na época, que o filme contribuíu muito para a venda de margarina

Cristina Torrão disse...

Publicidade encoberta?
Até tu, Bertolucci!
;-)

Bartolomeu disse...

Esta "revolução sexual" e esta liberdade de exibir filmes que durante o anterior regime estavam proibidos, vieram liquidar o negócio das casas de prostituição que existiam em Lisboa. Mais recentemente, com a vinda de raparigas brasileiras e dos países de leste e ainda com a liberalização dos anúncios de jornal, para além das "casas de passe", levaram também uma grande "talhada" as meninas que atendiam à beira da estrada.
Resumindo: floresceu o negócio do filme pornográfico e das cassetes de vídeo, do CD e do DVD; arruinou-se o negócio tradicional dos bares do Cais do Sodré e das casas das "Madames" que tomavam por sua conta meninas oriundas do interior do país e às quais garantiam alimentação, cuidados de saúde e até de habilitações literárias.
Uma curiosidade:
Consta (li não me recordo onde) que no Local conhecido por Bairro Alto, já se praticava prustituição no tempo em que D. Afonso fez cerco a Lisboa.