Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

1 de dezembro de 2015

Os Bons Velhos Tempos


Quase toda a gente recorda nostálgica os bons velhos tempos, desejando que voltem. Mas eu pergunto-me quando foi o mundo mais justo, mais pacífico, mais igualitário. Quando viveram as pessoas com mais conforto e mais cuidados? E houve tempos em que houve menos guerras do que hoje? E em que as crianças eram mais bem tratadas?

O que nos faz recordar nostálgicos os "bons velhos tempos" é apenas a saudade de uma época em que éramos bem mais novos, uma época que idealizamos, infância incluída. Toda a gente considera que teve uma infância feliz, mesmo sem a ter tido. Precisamos dessa crença para não soçobrarmos. Isto, aliado ao facto de, no presente, as falhas da sociedade e os seus piores aspetos serem mais tematizados, é que nos dá a ilusão de que antigamente tudo era melhor.

Porque antigamente não se falava nas mulheres subjugadas e maltratadas em casa. Tinham marido e filhos, o que queriam mais? Também não se falava dos maus tratos a crianças. Tinham um teto e pais que as alimentavam, o que queriam mais? Não se falava dos problemas das prostitutas, nem da marginalidade em que eram forçados a viver os homossexuais. Muitas coisas se ignoravam, fazia-se de conta de que não existiam. Hoje, muitos desses problemas são, e ainda bem, trazidos à luz do dia. Por isso, temos a impressão de que há mais problemas, de que há mais gente a sofrer e a ser maltratada. Também temos mais acesso a informação sobre o que se passa no mundo e ficamos com a impressão de que nunca houve tanta guerra e tanta violência.

Aproveitemos o tempo em que vivemos! Isto não significa apenas gozá-lo, mas também aproveitar a queda dos tabus para ir ao fundo dos aspetos menos bonitos e menos bons, tentando modificá-los.


7 comentários:

  1. Penso e reflito frequentemente nestas questões que referes.
    Penso também: como seria hoje a vida, se certas mentes mais irrequietas da idade média, tivessem tido acesso a alguns conhecimentos dos nossos dias.

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  2. Acima de tudo, devemos dar especial relevância ao teu último parágrafo

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  3. Cláudia da Silva Tomazi02/12/15, 19:05

    Minha querida amiga Cristina Torrão, certamente quem estuda ou estudou o modo de vida no passado consegue avaliar com clareza as diferenças sejam elas direccionadas a infância, juventude e maturidade ou direccionada especificamente a criança, homem ou mulher. E, neste sentido segue a humanidade com seu mosaico de culturas em apreciar a civilização estudando-a, aperfeiçoado-a desde então. Óbvio, já tivemos (no planeta) menos poluição (monóxido de carbono na atmosfera) e tivemos menos cloro na água e menos decibéis nas cidades e menos satélites no espaço; conseqüentemente havia em abundância a rigidez o reino animal o fascínio o reino mineral a exuberância o reino vegetal donde a delícia o encontro destes reinos, rios traziam até a foz água fresca e a mata respirara suave e mantinha o mistério reservado a nascente e, animais gostavam gozavam desfrutam a natureza com harmónia. Sim, nosso pequeno paraíso (a actualidade o conforto) já teve dias melhores, dias serenos, dias iluminados.

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  4. É verdade Cláudia Tomazi, uma parte significativa da humanidade vive na utopia de conhecer "um" paraízo feito à medida dos interesses privados.

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  5. Cara amiga Cláudia, é verdade que já tivemos menos monóxido de carbono na atmosfera, mas, em contrapartida, outros problemas ecológicos. No tempo de D. Dinis, por exemplo, o desaparecimento das florestas era já um problema, pois a madeira era material muito usado. Por isso, ele mandou plantar pinhais, o que aliás lhe deu o cognome de "Lavrador". E havia outros tipos de poluição. As condições higiénicas, na Idade Média, eram catastróficas, as cidades eram aglomerados mal-cheirosos, onde se acumulavam todo o tipo de parasitas e grassava um grande número de doenças. Não me parece que as pessoas fossem muito felizes, nessas condições.
    Sim, claro, a natureza estava ainda bastante intacta, o que aliás só quase beneficiava os animais (e já não era pouco). Os humanos não estavam em condições de gozar tal paraíso. O povo comum debatia-se com fome, doenças, mortes prematuras (incluindo bebés e crianças) e a arbitrariedade dos poderosos que não se coibiam de devastar uma aldeia, incendiando-a, matando os homens, violando as mulheres e usando as crianças como escravas.
    Claro que houve pessoas felizes, que sabiam apreciar o que de belo havia à sua volta, como as há também hoje.
    É tudo relativo. Eu não acredito em épocas melhores, no passado. Diferentes, sim. Mas melhores?

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  6. Querida amiga Cláudia,
    o que eu disse no meu comentário anterior pode dar a impressão de que não me preocupo com a emissão de gazes tóxicos e com o ambiente em geral. Não é verdade! Penso que o problema das emissões é muito sério e, embora não haja certezas de que elas são o motivo principal para o aquecimento global, penso que se deve continuar a bater nessa tecla, o importante é que paremos esta industrialização desenfreada, ou, pelo menos, que arranjemos maneira de tornar as indústrias mais compatíveis com a preservação da natureza. Temos essa responsabilidade em relação às gerações futuras! Eu não tenho filhos, mas, por isso mesmo, acho incompreensível que pessoas com filhos e netos não se preocupem com as questões ambientais, nem contribuam, de uma qualquer maneira, para preservar o ambiente.

    O tipo de poluição das cidades medievais, apesar de ter sido muito mal cheiroso, não era decididamente tão perigoso como as emissões de monóxido de carbono ou a energia nuclear nas mãos erradas. Sim, vivemos num tempo em que essas coisas perigosas, capazes de destruírem a humanidade, caiam nas mãos dos lunáticos...

    Há um ditado que diz (não me lembro do autor): se queres mudar o mundo, começa dentro de tua casa. Esperemos que a esmagadora maioria dos humanos decida pôr isso em prática. Aí, sim, haverá esperança.

    Um grande beijinho, Cláudia, e bom fim-de-semana!

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