Os desentendimentos
entre Dom Dinis e o seu herdeiro, futuro Dom Afonso IV, haveriam de culminar
numa guerra civil. No meu romance, os dois nunca verdadeiramente se entendem.
Aqui, uma cena, em que o príncipe contava dezassete anos de idade:
Não
havia como ignorar a existência de ciúmes e invejas, quiçá a formação de duas
fações: uma, à volta do rei e de Afonso Sanches; outra, em torno do príncipe
herdeiro e Martim Gil, causando grande preocupação em Isabel. Com razão! No dia
seguinte, em pleno ambiente de festa na véspera das bodas, o sucessor de Dinis espantava-o
ao anunciar a apresentação de um protesto!
Reuniu-se a família real, que incluía os bastardos. O príncipe estava como habitualmente acompanhado de Raimundo de Cardona e, além da rainha, encontravam-se presentes o bispo de Coimbra e chanceler-mor do reino Dom Estêvão Anes Bochardo, o alferes-mor Martim Gil de Riba de Vizela e o meirinho-mor João Simão de Urrô.
Dinis quis saber que documento o infante segurava na mão, ao que Afonso respondeu altivo:
- Trata-se do protesto que minha mãe proferiu, a 6 de Fevereiro de 1297, nesta mesma alcáçova, contra a legitimação dos filhos de meu tio Afonso. Hoje, na presença de todas estas testemunhas, eu, o príncipe herdeiro de Portugal, reitero este protesto!
Dinis quedou-se atónito por alguns momentos. Depois, lançou:
- Mas que despropósito!
- Muito me surpreende, meu pai, que não vejais o perigo de…
- Como vos atreveis a agredir vosso tio Afonso de tal guisa?
Gerou-se um momento de grande tensão, em que os presentes mal se atreviam a respirar. O monarca, como instância máxima, tinha o direito de interromper quem quisesse, mas evitava-o, principalmente com altos dignitários do clero e da nobreza. Agora, fazia-o com o infante herdeiro! Dinis desprestigiava o seu sucessor, à frente da família e das restantes personalidades.
O rei notava-lhe a fúria nos olhos negros, mas o jovem manteve a pose, um semblante que, aos dezassete anos, já revelava um carácter austero e disciplinado, não se permitindo um desvio, um excesso. Dinis não encontrava nada de seu, naquele filho. Como se Isabel o tivesse produzido sozinha!
Reuniu-se a família real, que incluía os bastardos. O príncipe estava como habitualmente acompanhado de Raimundo de Cardona e, além da rainha, encontravam-se presentes o bispo de Coimbra e chanceler-mor do reino Dom Estêvão Anes Bochardo, o alferes-mor Martim Gil de Riba de Vizela e o meirinho-mor João Simão de Urrô.
Dinis quis saber que documento o infante segurava na mão, ao que Afonso respondeu altivo:
- Trata-se do protesto que minha mãe proferiu, a 6 de Fevereiro de 1297, nesta mesma alcáçova, contra a legitimação dos filhos de meu tio Afonso. Hoje, na presença de todas estas testemunhas, eu, o príncipe herdeiro de Portugal, reitero este protesto!
Dinis quedou-se atónito por alguns momentos. Depois, lançou:
- Mas que despropósito!
- Muito me surpreende, meu pai, que não vejais o perigo de…
- Como vos atreveis a agredir vosso tio Afonso de tal guisa?
Gerou-se um momento de grande tensão, em que os presentes mal se atreviam a respirar. O monarca, como instância máxima, tinha o direito de interromper quem quisesse, mas evitava-o, principalmente com altos dignitários do clero e da nobreza. Agora, fazia-o com o infante herdeiro! Dinis desprestigiava o seu sucessor, à frente da família e das restantes personalidades.
O rei notava-lhe a fúria nos olhos negros, mas o jovem manteve a pose, um semblante que, aos dezassete anos, já revelava um carácter austero e disciplinado, não se permitindo um desvio, um excesso. Dinis não encontrava nada de seu, naquele filho. Como se Isabel o tivesse produzido sozinha!
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