Foto © Horst Neumann |
Dom Dinis é conhecido pelas suas Cantigas de Amigo e de Amor, mas o Rei Poeta também criou Cantigas de Escárnio.
A esse propósito, um excerto do meu romance:
Joam Bolo jouv’ em ũa pousada
bem dês ogano que da era passou
com medo do meirinho que lh’ achou
ũa mua que tragia negada;
pero diz el que, se lhi for mester,
que provará ante qual juiz quer
que a trouxe sempre dês que foi nada.
Os nobres encetavam novos protestos contra os resultados das inquirições e Dinis, usando a personagem João Bolo, escarnecia dos fidalgos de província que desobedeciam aos meirinhos régios, usando de todos os subterfúgios para se furtarem às suas obrigações. Dizia o rei na sua cantiga que João Bolo vivia há um ano escondido, com medo de um meirinho que lhe descobrira uma mula roubada. O fidalgote contrapunha que, arranjando bom advogado, provaria perante qualquer juiz que a mula lhe pertencia, pois tinha testemunhas em como a criara desde que nascera, em casa de sua mãe. A melhor testemunha, dizia ele, era mestre Reinel, que tratara de um inchaço que a mula tivera no toutiço:
Nom na perderá, se houver bom vogado,
pois el pode per enquisas põer
como lha virom criar e trager
en cas sa madr’, u foi el criado;
e provará per maestre Reinel
que lha gardou bem dez meses daquel
cerro, ou bem doze, que trag’ inchado.
Dinis não tinha mais paciência para os infindáveis protestos, apesar de Isabel insistir em que não os subestimasse.
O meu romance sobre Dom Dinis está à venda sob a forma de ebook na LeYa Online, na Wook e na Kobo.
Para adquirir a versão em papel, contacte-me através do email andancas@t-online.de.
Nota: Todas as Cantigas de Amor, de Amigo e de Escárnio transcritas no meu romance são originais de Dom Dinis, embora seja fictício o contexto em que são inseridas.
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