Fonte da Imagem |
Dom Dinis compôs Cantigas de Amor e de Amigo apenas para as suas amantes, ou também o fez para a sua rainha Dona Isabel? No meu romance, sim, embora a relação entre os dois tenha sido difícil:
Anunciou entoar uma cantiga que compusera para ela. Isabel encarou-o resplandecente.
Dinis não possuía grande voz, mas, devido ao seu bom ouvido musical, não desafinava. Ao som dos alaúdes, cantou sobre a senhor que lhe pedira que nunca lhe dissesse o quanto ele a amava, nem quanto por isso sofria (numa alusão à espera que o angustiava e desesperava). E questionava-a: mas, se não vos disser a vós, senhor, a quem poderei eu contar tal? Se não vos disser o que por vós sofro, por quem ireis sabê-lo?
Vós mi defendestes, senhor,
que nunca vos dissesse rem
de quanto mal mi por vós vem;
mais fazede-me sabedor,
por Deus, senhor, a quem direi
quam muito mal levei
por vós, se nom a vós, senhor?
Ou a quem direi o meu mal,
se o eu a vós nom disser,
pois calar-me nom m’é mester
e dizer-vo-lo nom m’ er val?
E pois tanto mal sofr’ assi
se convosco nom falar i
por quem saberedes meu mal?
Quando a música cessou, em vez de aplaudir ou elogiar, Isabel ficou fixa nele. Os olhos negros brilhavam intensamente. Gerou-se silêncio, só se ouvia o crepitar do lume… Até que lobos uivaram na serra.
O meu romance sobre Dom Dinis está à venda sob a forma de ebook na LeYa Online, na Wook e na Kobo.
Para adquirir a versão em papel, contacte-me através do email andancas@t-online.de.
Nota: Todas as Cantigas de Amor, de Amigo e de Escárnio transcritas no meu romance são originais de Dom Dinis, embora seja fictício o contexto em que são inseridas.
Sem comentários:
Enviar um comentário