Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

30 de junho de 2018

Memórias de Dona Teresa (6)

As "Memórias de Dona Teresa" estão à venda na Feira do Livro de Braga - stand da livraria Centésima Página.

«Não sei se é de noite, se de dia. Nem sequer quem vela a meu leito. Nada vejo, ouço vozes que não distingo. A única cousa que me surge com clareza é a minha vida, a passar diante dos olhos, abertos ou fechados, pois mesmo com eles abertos não são as paredes do meu quarto que vislumbro, mas aqueloutros dias que me fazem reviver todo o ódio e toda a amargura, por fim, a impotência que de mim se apoderou».


24 de junho de 2018

Contos da Emigração (6)



«A escola pública alemã, onde comecei a ir às aulas a meio do ano lectivo, era tão rica que fiquei deslumbrado. Um átrio e escadarias em mármore, ginásio, quadros nas salas de aulas que deslizavam para cima e para baixo e casas de banho tão limpas que pareciam de contos de fada. Uma vez por semana íamos à escola primária junto ao UniCenter, que tinha uma piscina interior para as aulas de natação. À porta da escola havia alunos com blusões de ganga sem mangas que me queriam bater porque eu não falava alemão. Todos os dias tinha que andar à luta ou fugir».

In "A minha bicicleta verde"
Miguel Szymanski



19 de junho de 2018

A lindíssima igreja barroca de Podence


A visita a Podence e à Casa do Careto vale bem a pena. Mas esta aldeia transmontana encerra ainda outra pérola no seu seio: a pequena igreja barroca, um verdadeiro tesouro a precisar, infelizmente, de muitas obras de restauro. Espero que essas obras sejam feitas, para que ainda várias gerações de portugueses possam admirar esta maravilha.

De fora, não se adivinha a sua beleza

Pormenor das pinturas do teto, a precisarem de muito restauro

A parte da igreja em pior estado

Mais uma vez, as lindas pinturas, que ameaçam desaparecer

O altar. E uma senhora a explicar-me certos pormenores

Vista do lado direito

Mais uma vez, o teto

Tão bonito, mas em tão mau estado

Aqui pode ver-se o mau estado das madeiras
 

17 de junho de 2018

Contos da Emigração (5)



«Aos domingos à tarde, durante o verão em Berlim, não é preciso muito esforço para ocupar o tempo. O tempo ocupa-nos. O dia começa muito cedo e não tem pressa de acabar. Espreguiça-se pelas curvas do rio e chega-nos num bafo quente que nos entorpece e faz divagar. Se seguirmos pelas margens do rio afora, em poucos passos nos deparamos com espaços despovoados e escassamente organizados. Ruínas de casas de paredes de tijolos vermelhos cobertas de indecifráveis escritas denunciam passagens ilícitas e provocadoras. Uma vereda aberta por entre os arbustos espreita um pescador e a sua bicicleta».

In "Uma história verdadeira"
Luísa Coelho





15 de junho de 2018

Origens

A freguesia do Lombo, vista do Santuário de Balsamão


«Era com a impressão de entrar num outro mundo que eu, em criança, chegava ao Lombo, aldeia-natal do meu pai, cujo nome deriva da sua localização sobre a lombada de um monte, com vista para o Santuário de Balsamão, a norte, e para a Serra de Bornes, a oeste». 

Começa assim Um Outro Mundo, o conto que escrevi para a "Antologia de Autores Transmontanos, Alto-durienses e da Beira Transmontana", publicada pela Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa.
 

O meu pai é natural da freguesia do Lombo, concelho de Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança. Trata-se de uma aldeia bastante isolada, pois fica a cerca de cinco quilómetros desviada da EN 216, que liga Macedo de Cavaleiros a Mogadouro. Quando eu era criança, a estradeca que levava ao Lombo não estava alcatroada. E, ao tempo da infância e da juventude do meu pai (que tem 80 anos), apenas havia caminhos, pelo meio dos montes. Não havia meios de transporte motorizados, as pessoas iam a pé, ou de burrico, à sede do concelho, a vinte quilómetros de distância. Foi, por isso, uma aldeia sempre muito isolada, até meados do século XX.

Freguesia do Lombo

A informação na página da Wikipedia, que aponta a paróquia sueva do século VI, denominada Tureco, como origem da aldeia, não está historicamente comprovada. Pouco, ou nada, se sabe da História do Lombo, até meados do século XVIII. Há uma parte mais alta denominada de "castelo", embora não haja, hoje em dia, o mínimo vestígio de uma possível fortificação, ou castro. Confesso que acho a versão Tureco interessante, já que se assemelha ao nome da minha família (Torrão).


Lombo - praça principal

Devido à sua localização, perto da fronteira, houve, pelo menos, desde meados do século XIX, bastante intercâmbio com o concelho espanhol de Alcanices. Algumas famílias leonesas estabeleceram-se no Lombo, nessa altura. A da minha bisavó Maria Rodriguez, originária da localidade de Fonfria, foi uma delas.

Freguesia do Lombo

Na última vez que estive no Lombo, em Abril passado, era tempo de tosquia e o meu marido aproveitou para tirar algumas fotografias.










12 de junho de 2018

Atividade Literária

Este ano, apesar de ter igualmente publicado um romance, já participei em duas coletâneas de contos e numa antologia. Além da coletânea Contos da Emigração, que tenho vindo aqui a publicitar, dei o meu contributo para a Antologia de Autores Transmontanos, Alto-durienses e da Beira Transmontana, com o conto Um Outro Mundo. A obra tem prefácio do Presidente da República, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, e pode ser adquirida através da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, sita no Campo Pequeno, 50 - 3º Esq. - 1000-081 Lisboa, através do email geral@ctmad.pt, ou contactando os números: Tel.: 217 939 311; Móvel: 916 824 293. Custa 20 €.





Tive igualmente o privilégio de participar na coletânea GENTES E LUGARES - Contos e Contas de Autores Transmontanos, publicada pela Academia de Letras de Trás-os-Montes (Email: academiadeletrasosmontes@gmail.com). O meu conto intitula-se Identidade.



10 de junho de 2018

Contos da Emigração (4)



«Tiradas invariavelmente no mês de agosto, as férias de verão, ainda que significassem o regresso adiado ao anseio antigo de voltar definitivamente, eram o melhor período da sua vida: delas arrancava o suplemento vitamínico que lhe recobrava as forças para o resto do ano».

In "O Apelo do Vale"
Isabel Mateus