Foto El País |
O autor de O Carteiro de Pablo Neruda, o chileno Antonio Skármeta, venceu, há dias, a quarta edição do Prémio Ibero-americano Planeta-Casa da América, com o livro Los días del arcoiris. A narrativa remete para as eleições de 1998, quando os chilenos tentavam contrariar a manutenção de Pinochet no poder.
Ainda não li Skármeta, vi o filme baseado n' O Carteiro de Pablo Neruda, que tanto sucesso teve em Portugal. Gostei e claro que também me comovi. O que me levou, no entanto, a escrever este post, foi uma entrevista publicada na edição de Dezembro passado da revista Os Meus Livros (Nº 93; págs. 25/26). Na altura, marquei o artigo, mas acabei por me esquecer de o mencionar aqui. Agora, ao ler a notícia do Prémio ganho por este autor, fui procurá-lo, pois queria partilhar algumas opiniões de Skármeta, com as quais concordo inteiramente (destaques meus):
Quando era jovem, encenei teatro na universidade (...) E algumas vezes desempenhava papéis secundários. Essa é uma grande escola para um escritor: estar com uma personagem junto a outras personagens, e não acima delas. Partilhar a cena com os teus protagonistas cria uma sensação de intimidade, naturalidade e credibilidade no leitor.
As pessoas que têm grandes certezas espantam-me sempre um pouco.
O excesso de aspiração à genialidade produz apenas páginas em branco ou novelas pretensiosas.
Os verdadeiros artistas têm, por vezes, que abrir caminho entre o arvoredo cerrado do pedantismo, do obscurantismo e das poses "distintas" dos políticos e da ignorância disfarçada de sabedoria.
Magníficos, estes destaques, Cristina. Grandes verdades.
ResponderEliminarPelo menos em Portugal não nos faltam desses ignorantes pretensiosos a ocupar cargos políticos ou de gestão de empresas financiadas com os nossos impostos.
A literatura é apenas um pequeno mundo que espelha todo o seu contexto. Vou dar-te um exemplo: um dos livros mais vendidos nos ultimos tempos (não sei se ainda estás em Portugal, mas deves ter reparado) é escrito (?) por um ex-jogador de futebol chamado Paulo Futre. Foi um grande jogador; não é isso que está em causa. O que está em causa é que ele, que mal sabe falar português, publicou um livro que vende muito mais que JL Peixoto o Gonçalo M. Tavares...