Acreditamos naquilo que acreditamos, ou naquilo em que nos
levaram a acreditar?
Se aquilo que nos
ensinaram a ser nos prejudica e nos faz infelizes, talvez devamos
reflectir e perguntarmo-nos se devemos mudar o rumo da nossa vida. Para isso, é
preciso, aliás, saber que rumo queremos seguir. O que nem sempre é fácil.
Na minha opinião, aqui é
importante a desmistificação do egoísmo. Aprendemos, desde tenra idade, que o
egoísmo é um defeito terrível. E, no entanto, só poderemos fazer o bem aos
outros, se estivermos bem connosco próprios, isto é, eu só tenho energia para
fazer o bem à minha volta, se, antes disso, gastei energia a fazer o bem a mim
próprio. Quem se sente amargurado, injustiçado, sem auto-estima, pouco terá
para partilhar. Devemos então perder o medo de fazer algo por nós próprios.
Mas o que é o bem para nós próprios? Talvez ajude ouvir a nossa criança interior. Agostinho da Silva disse gostar das crianças, antes destas serem "estragadas" pela família e pela escola. E é descobrindo essa criança que fomos, antes de nos terem "estragado", que começamos a compreender aquilo que nos faz bem e o que queremos. É bom mantê-la dentro de nós e conversar com ela, de vez em quando.
Salvo raras excepções, os pais e os educadores acreditam que estão a agir para nosso bem. Mas, muitas vezes, enganam-se. E é um grande desafio, para todos nós, descobrirmos e, mais difícil ainda, aceitarmos o que nos "estragou". Mas só assim descobrimos o nosso verdadeiro ser.
Mas o que é o bem para nós próprios? Talvez ajude ouvir a nossa criança interior. Agostinho da Silva disse gostar das crianças, antes destas serem "estragadas" pela família e pela escola. E é descobrindo essa criança que fomos, antes de nos terem "estragado", que começamos a compreender aquilo que nos faz bem e o que queremos. É bom mantê-la dentro de nós e conversar com ela, de vez em quando.
Salvo raras excepções, os pais e os educadores acreditam que estão a agir para nosso bem. Mas, muitas vezes, enganam-se. E é um grande desafio, para todos nós, descobrirmos e, mais difícil ainda, aceitarmos o que nos "estragou". Mas só assim descobrimos o nosso verdadeiro ser.
Boas!
ResponderEliminarEis uma questão deveras interessante para se discutir “olhos nos olhos” acompanhado de um bom vinho tinto.
O ser humano é formatado desde o berço pela sua cultura. Nós somos cristãos, ou católicos e crescemos dentro dos conceitos da religião. Ou seja, não é só o egoísmo que é-nos dito que é mau, há muito mais coisas que nos dizem ser mau. É mau sentir-se prazer, mas já é bom ser-se humilde e servil. É mau gostar de nós próprios, mas já é bom esfolar joelhos em prol de um Deus. Enfim, percebes o que eu quero dizer.
Dessa forma, nós somos sempre mais “aquilo que nos levaram a ser” e muito pouco “aquilo que somos”. Quando crescemos, vivemos encarcerados numa sociedade que vive quase só de aparências. Temos de trabalhar para sermos catalogados de honestos. Temos de criar uma família, senão os outros olham-nos de lado. De preferência com filhos. Se resolvermos viver sozinhos, então somos esquisitos e uns bichos, como se fosse obrigado socializar e, mais grave e desviando um pouco, somos até obrigados a “engolir” outras culturas vizinhas.
Depois podemos pensar de facto em nós e tentarmos viver a vida da forma que nos faça felizes. Mas isso pode-nos trazer dissabores e muita gente então prefere viver na máscara que a sociedade as obriga a utilizar.
Penso que ninguém é dono da verdade. Não é uma pessoa, só porque estudou para ser terapeuta, que é dono da verdade. Acho curioso ver jovens de 25 anos, que são psicólogos ou educadores há meia dúzia de anos, que nem sequer filhos têm, virem dizer que se deve educar assim ou assado. Tretas. Cada pessoa é uma pessoa. Uma criança é uma pessoa e merece respeito e não ser olhada como uma coisa como sucedia no meu tempo de criança. Merece respeito e bom senso na abordagem à sua educação. Tenho uma filha de 12 anos e sei que ela não me pertence nem nunca me pertenceu. Apenas lhe dei vida, o resto? Tento incutir-lhe o que eu acredito e deixar ao seu critério o modo como quer viver a sua vida. Jamais lhe vou impor cursos ou até dizer que deve ser doutora porque a sociedade o quer. Respeitar os outros, mas, acima de tudo, respeitar-se a si própria.
Mas, repito, este é um tema que merecia uma abordagem presencial.
Iceman, também há ocasiões em que é necessário que sejamos humildes (servis, já não sei), o que eu acho é que a nossa tradição cristã passou e continua a passar uma imagem deturpada do que é ser-se humilde. Humildade a todo o custo, permitindo que nos espezinhem, com certeza que não faz bem a ninguém!
ResponderEliminarMas é isso mesmo que dizes: há coisas que se convencionaram serem boas, outras, más e essa dualidade radicalizou-se de tal maneira, que as pessoas se tornaram intolerantes a certos comportamentos.
A propósito, já leste as opiniões ao livro "O Estrangeiro" de Camus no Destante? Penso que tem a ver com o que tu dizes, principalmente, a opinião do Manuel Cardoso:
http://destante.blogspot.com/2012/02/comentarios-10-leitura-conjunta-do.html
Respeitar as crianças é importantíssimo, fundamental. Infelizmente, durante séculos, os adultos foram de opinião contrária :(
Quando ainda orientava cursos de Ética e Bioética, costumava colocar uma questão: O que é que recebemos da sociedade?
ResponderEliminarParece-me, bem vistas as coisas, que recebemos o que lhe damos. Ou seja, cada um contribui com algo, seja bom ou mau e a sociedade será aquilo que no conjunto lhe dermos. O que recebemos é a resultante de todas as "dádivas".
Então, será muito mais inteligente fazermos todos e sempre o bem, porque a resultante dessa dádiva será o bem.
Sejamos egoístas de uma forma inteligente.
Claro que esta é uma forma muito linear de apresentar o assunto. Mas pode ser uma abordagem mais útil e eficaz do que a de dizermos que temos que ser bonzinhos!
João, é bem verdade que todos nós somos a sociedade e, em princípio, recebemos aquilo que damos. Mas também não podemos esquecer que, para uma criança que nasce, a sociedade (nós) é o exemplo que ela irá seguir. A criança cai, assim, num sistema que imitará e muito poucos tentam, mais tarde, romper com ele. Quem o faz, torna-se excepção e, normalmente, é mal compreendido.
ResponderEliminarBom, e relativamente àqueles que passam pela vida, sem a menor intenção de receber dos outros?
ResponderEliminarAqueles cujo único objectivo é caminhar, observar, entender, percorrer, sem recolher do caminho, um único grão de areia?
Lembro-me muito jóvem, de ter uma troca de opiniões muito determinada, com os meus pais, acerca de adoptar um comportamento que servisse de modelo e ainda, que tomasse como modelo, alguns comportamentos.
Lembro-me de o primeiro sentimento ter sido de revolta e de incompreensão; como poderíam os meus pais estar a pedir-me que fosse modelo, ou que aceitasse o modelo alheio. Como a conversa em dado ponto "empastou", a saída que encontrei e que os deixou desarmado foi: então, por esse ponto de vista, sou livre também para adoptar o modelo de alguém que cometa crimes.
Na verdade, sempre considerei que o traçado de vida de cada um de nós, se constroi passo-a-passo, moldado por influências energéticas. Influências essas que geram, ou que tornam mais evidentes outras energias. Um pouco como o ditado popular "junta aos bons, serás como eles, junta-te aos maus, serás pior que eles".
;)
Bartolomeu, penso que os teus pais, com a melhor das intenções (como sempre) caíram no erro de tentarem impor-te um modelo de conduta. Daí a tua revolta, pois todos nós precisamos de espaço para desenvolvermos o nosso próprio modelo. Eu não sou mãe, mas sou filha e acho que os pais, com o seu receio de que os filhos optem pelo modelo errado, caem no outro exagero, uns mais que outros. Esquecem-se, porém, de que não são donos dos filhos. Admito, no entanto, que eu tenha mais tendência para ver o lado dos filhos.
ResponderEliminarBem, está certo que muitos têm mais como objectivo o "caminhar, observar, entender, percorrer, sem recolher do caminho, um único grão de areia". Mas haverá mesmo quem não tenha a mínima intenção de receber algo dos outros? Somos animais sociais, normalmente, precisamos dos outros e nem que seja apenas uma palavra simpática, ou um sorriso.
Sim Cristina, é verdade; os pais desejam o melhor para os filhos. E o melhor não é apontar-lhes modelos, mas sim, encoraja-los a serem de acordo com as suas caracteristicas naturais, a pensarem por si mesmos, com base nas observações que fazem e com base no entendimento que fazem dessas observações.
ResponderEliminarSe assim começar a ser, sem em dada altura, todos passarmos a adquirir naturalmente essa consciência, não precisamos de nos construír, partindo de um modelo já existente.
Esta forma natural de entender o mundo e tudo o que o constitui e dele faz parte, foi já, em tempos, um lema de cavalaria, aceite e praticado. Foi ele que deu origem a Homens de carácter inabalável, porque se fundamentava nas suas convicções pessoais, regidas por princípios éticos e de respeito por todos os seres. Aquilo que mais tarde veio a ser a base das ideologias políticas...
Depois de comentários tão bem es critos,eu não devia deixar aqui nada ,mas o 1º comentário os filhos não nos pertencem é verdade.
ResponderEliminarMas temos que os orientar,foram nos dados tambem para os pais serem felizes.Se nem a vida nos pertence,não há certezas quanto ao melhor caminho.
Sim, é claro que os pais têm de orientar os filhos. Aliás, sem orientação, as crianças não são felizes. Mesmo que certas regras que os pais impõem originem conflitos, as crianças precisam de sentir que os pais se preocupam com elas e querem o melhor para elas. Isso é essencial!
ResponderEliminarUm equilíbrio nem sempre é fácil de encontrar, ninguém é perfeito. Mas penso que é útil ter consciência de que ninguém é dono de ninguém.